sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A divina comédia




Os dois rabetas chegaram nessa tarde a Sodoma. Lot, estava sentado a enrolar uma ganza quando eles se aproximaram.
- Ménes, isto é produto do melhor…veio directamente da Babilónia. Tenho ali dois sabonetes, ainda enrolados em tripa de cabra. Vocês experimentam à vontade e se gostarem, a malta faz negócio. E como está fresquinho, podem abancar aqui esta noite. - dizia ele enquanto mirava os abdominais do mais alto - De manhã, à hora que quiserem, podem partir e continuar o caminho.
- Não, ficamos mesmo aqui na rua. Disse o mais baixo, que era vesgo.
3Mas Lot tanto insistiu que aceitaram e foram para casa dele.
E deu-lhes uma bela refeição. Mandou até fazer bolos sem levedura para comerem.



4-5Quando se preparavam para se deitarem, vieram os sodomitas (os habitantes da cidade), do mais novo ao mais velho, e cercaram a casa, gritando para Lot:
-Traz-nos cá fora esses homens que aí tens. Queremos possuí-los!
6Lot saiu, fechou a porta atrás de si e falou-lhes:
7-8-Meus amigos, imploro-vos que não façam uma coisa dessas, de tal maneira repulsiva! Olhem, tenho duas filhas, virgens. Trago-as cá fora e vocês fazem delas o que quiserem! Mas deixem estes homens em paz, porque estão sob a minha protecção!



Mais tarde, o patrão dos mariconços, que não tinha gostado do haxe, mandou arrasar com a aldeia onde vivia Lot e a sua família.
A custo, lá conseguiram dar de frosques, mas a Srªa Lot, lembrou-se que tinha deixado a canja ao lume e quando se voltou para trás, transformou-se numa estátua de sal.
30Depois disso, Lot deixou a aldeia (Zoar - que era o Bairro da Sé lá da zona), com medo da gente que ali havia, e foi viver para uma caverna na montanha com as duas filhas.



Um dia, a mais velha (que estava a ovular, de certeza), disse à irmã: Em toda esta região aqui à volta não há um só homem com quem o nosso pai nos deixe casar. E ele próprio em breve estará velho demais para ter filhos. Vamos enchê-lo de vinho, deitamo-nos com ele e assim faremos com que haja descendentes e que a nossa família não acabe aqui.33Assim embriagaram o pai naquela noite, e a mais velha foi deitar-se com ele, que aliás não deu por nada, nem quando ela veio, nem quando se foi embora.




34Na manhã seguinte disse à irmã: Pronto! Ontem à noite já me deitei com o pai! Vamos enchê-lo outra vez de vinho para que a nossa família não acabe.35-38E assim chegando à noite embriagaram-no de novo e foi a vez da mais nova se deitar com ele, que, tal como na véspera, não deu por nada. As duas raparigas ficaram grávidas. E a mais velha teve um filho a que deu o nome de Moabe, o antecessor dos moabitas. E o nome do filho da segunda foi Benami, o pai de todos os amonitas

Texto ligeiramente adaptado daqui

HOJE - 23:00 – CULTURGEST - Grande Auditório


best of socrates (2009 - 2010)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

SETE NOIVAS PARA SETE IRMÃOS




Os sinos dobravam lúgrubes e saiu uma golfada de whiskey da boca de James McDowell quando o pousaram no caixão. O velho vaqueiro bebia aos galões, montado na velha pileca, circuambulando sem fim a pradaria de Creek Delaware. Várias vezes caiu do cavalo e foi arrastado insensível e cozido de bêbado, durante horas, aos tombos, batendo com a cabeça nas pedras por ter ficado com um pé preso no estribo. O cavalo frequentemente defecava-lhe generosamente em cima enquanto ele dormia desacordado em pleno deserto por entre pedregulhos tórridos, ressequidos arbustos de sagebrush, cactos e cascavéis. Várias vezes o cavalo, índios e o gado em geral, se tinham aproveitado dele para desenferrujar as vergas e largar-lhe no intestino cargas de esperma. Por isso, McDowell andava de perna aberta, largando laradas esbranquiçadas, aqui e acolá nas largas pradarias do Midwest. O xerife Angus McCain, incitado por Elmer McEweth, o pastor baptista, ainda decidiu dar umas ensinadelas a McDowell, prendendo-o ás semanas na choça e sem álcool. Quando saía, McDowell ia ao saloon de Mattias Everett e emborcava galões sem fim de whiskey. Se o sallon estivesse fechado bebia água-de-colónia da loja de ferragens de Jim ‘Pliers’ O’ Gormman a troco de lhe praticar certas coisas inconfessáveis, mas que lhe agravavam a largada regular de fezes moles e esbranquiçadas pelas pernas das calças. O cavalo tinha pena dele e pastava sozinho e cabisbaixo, entretendo-se a matar cães-da-pradaria a coice. Um dia, a sorte de McDowell mudou. Chegara a Creek Delaware Bill, The Rabit Stuffer um afamado matador de homens, ladrão de gado, pistoleiro profissional e jogador de póquer. Eram seis os homens que o acompanhavam: uma corja de assassinos a sangue-frio. Quando os viu entrar na cidade, o xerife McCain sentiu formigueiro no dedo do gatilho e engoliu em seco. Á sua volta rolavam as bolas de salsola, arrastadas pelo vento. O deserto trazia um odor de morte. Katie McKenn, depois de aviar dezasseis clientes nessa manhã cofiou o buço e tirou catotas do vazadouro e mascando-as pensativamente, disse – ‘Isto não é bom para Creek’- E bebeu mais um gole de aguarrás com um cheirinho de whiskey, bebida da sua preferência. McDowell entretanto surgira arrastando-se de gatas pelo corredor do saloon expelindo arrotos, largando regurgitados de feijão e ventos intestinais. –‘Estou indisposto, Jim, serve-me um trago’. – Disse para o taberneiro. Bill, The Rabit Stuffer fez um sorriso trocista, olhou os cúmplices com um meio sorriso matreiro e passou uma rasteira a McDowell que se estatelou no chão numa poça de merda deixada por um mexicano com cólera que ali apareceu a pedir água e que foi prontamente linchado pelos clientes do saloon. James O’ Courtney não gostou de ver a terceira-idade a ser maltratada e acto contínuo, estilhaçou uma cadeira nos costados de Bill. Um dos seus capangas partiu violentamente uma garrafa no bordo do balcão e asseverou as fuças de James, que pontapeou o capanga no períneo com brutalidade enquanto zurzia uns valentes uppercuts em mais dois. Mesmo o velho James lhes aviava fortes pancadas nas fontes com um cão agarrado pela cauda. No meio de estilhaços, os bandidos saiam à vez pela janela do saloon indo aterrar de borco na selha da água dos cavalos. Como estavam em posição propícia, a população, os cavalos e as mulas de carga de Creek Delaware sodomizou-os e alivou-se-lhes nas amígdalas antes de os cobrir de alcatrão e penas, insultá-los e enforcá-los sem julgamento. Os abutres volteavam por sobre as árvores de onde pendiam os corpos inertes dos bandidos e o velho McDowell tocava na sua harmónica uma velha melopeia irlandesa em cima da sua pileca, enquanto seguia lentamente para o deserto em direcção ao pôr-do-sol e o seu cavalo se urinava nas tocas dos cães-da-pradaria.

FIM

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Ting-a-Ling

Simplesmente genial!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Eu gosto é do Verão.....

segunda-feira, 11 de outubro de 2010


sexta-feira, 8 de outubro de 2010

De como Portugal bateu no fundo e escava para se enterrar mais ou a falta de jeito de alguns homens para cozinhar

Para que vejam o que é uma vida pobre (de espírito), deixo-vos uma notícia na íntegra, que poderão consultar aqui:

Crise: Parlamentar do PS eleito por Braga queixa-se das medidas do Governo
Deputado pede jantar na cantina


"Se abrissem a cantina da Assembleia da República à noite, eu ia lá jantar. Eu e muitos outros deputados da província. Quase não temos dinheiro para comer", afirmou Ricardo Gonçalves ao CM, repetindo o que tinha dito na última reunião do grupo parlamentar do PS, perante as medidas de austeridade do Governo.

03 Outubro 2010

Por:Manuela Teixeira


O deputado socialista, que aufere cerca de 3700 euros mensais, reagiu assim ao corte de 5% que será aplicado de forma progressiva na Função Pública a quem recebe mais de 1500 euros. "Tenho 60 euros de ajudas de custos por dia. Temos de pagar viagens, alojamento e comer fora. Acha que dá para tudo? Não dá", referiu Ricardo Gonçalves para argumentar a sugestão que fez de a Assembleia da República abrir a cantina à hora do jantar.

Ricardo Gonçalves admite que lançou um repto irónico aos colegas de bancada, mas afirma que o assunto é sério, e que a classe política também é muito atingida pelas medidas de austeridade. "Estamos todos a apertar o cinto, e os deputados são de longe os mais atingidos na carteira", reafirma o socialista Ricardo Gonçalves.

O deputado ousou até discutir o assunto com José Sócrates. "Até foi uma discussão muito forte. Disse--lhe que as medidas já deviam ter sido aplicadas há mais tempo e que ele tem de explicar muito bem aos portugueses porque é que as contas de 2010 ainda não estão certas". referiu Ricardo Gonçalves.

La-la-la-la-laaaaaa!



Vá lá!
Sao 7 e meia, amor
E tens d'ir trabalhar

Acordas-me com um beijo
E um sorriso no olhar
E levantas-me da cama
Depois tiras-me o pijama
Faço a barba
E dá na rádio
O Zé Cid a cantar

Apanho o Autocarro
Vou a pensar em ti
Que levas os miúdos
Ao jardim infantil

Chego à repartição
Dou um beijo no escrivão
E nem toco a secretária
Que é tão boa!

(Refrão)

A pouco e pouco se constrói um grande amor
De coisas tão pequenas e banais
Basta um sorriso
Um simples olhar
Um modo de amar a dois (bis)

E áss 5 e meia em ponto
Telefonas-me a dizer:

Não sei viver sem ti amor |
Não sei o que fazer | Ela

Faz-me favas com chouriço
O meu prato favorito
Quando chego para jantar
Quase nem acredito!

Vestiste-te de branco
Uma flor nos cabelos
Os miúdos na cama
E acendeste a fogueira
Vou ficar a vida inteira
A viver dessa maneira
Eu e tu e tu e eu e tu e eu e tu

(Refrão 2x)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Parabéns, Marito...
















...que tal vai a tia Júlia?!

Um abraço, pá, bem mereces o Prémio e também esta minha homenagem, num blog onde onde falar de malmequeres é visto com maus olhos!

entrar de manhã no local trabalho e ler em voz muito alta

Ó caralho! Ó caralho!
Quem abateu estas aves?
Quem é que sabe? quem é
que inventou a pasmaceira?
Que puta de bebedeira
é esta que em nós se vem
já desde o ventre da mãe
e que tem a nossa idade?
Ó caralho! Ó caralho!
Isto de a gente sorrir
com os dentes cariados
esta coisa de gritar
sem ter nada na goela
faz-nos abrir a janela.
Faz doer a solidão.
Faz das tripas coração.
Ó caralho! Ó caralho!
Porque não vem o diabo
dizer que somos um povo
de heróicos analfabetos?
Na cama fazemos netos
porque os filhos não são nossos
são produtos do acaso
desde o sangue até aos ossos.
Ó caralho! Ó caralho!
Um homem mede-se aos palmos
se não há outra medida
e põe-se o dedo na ferida
se o dedo lá for preciso.
Não temos que ter juízo
o que é urgente é ser louco
quer se seja muito ou pouco.
Ó caralho! Ó caralho!
Porque é que os poemas dizem
o que os poetas não querem?
Porque é que as palavras ferem
como facas aguçadas
cravadas por toda a parte?
Porque é que se diz que a arte
é para certas camadas?
Ó caralho! Ó caralho!
Estes fatos por medida
que vestimos ao domingo
tiram-nos dias de vida
fazem guardar-nos segredos
e tornam-nos tão cruéis
que para comprar anéis
vendemos os próprios dedos.
Ó caralho! Ó caralho!
Falta mudar tanta coisa.
Falta mudar isto tudo!
Ser-se cego surdo e mudo
entre gente sem cabeça
não é desgraça completa.
É como ser-se poeta
sem que a poesia aconteça.
Ó caralho! Ó caralho!
Nunca ninguém diz o nome
do silêncio que nos mata
e andamos mortos de fome
(mesmo os que trazem gravata)
com um nó junto à garganta.
O mal é que a gente canta
quando nos põem a pata.
Ó caralho! Ó caralho!
O melhor era fingir
que não é nada connosco.
O melhor era dizer
que nunca mais há remédio
para a sífilis. Para o tédio.
Para o ócio e a pobreza.
Era melhor. Com certeza.
Ó caralho! Ó caralho!
Tudo são contas antigas.
Tudo são palavras velhas.
Faz-se um telhado sem telhas
para que chova lá dentro
e afogam-se os moribundos
dentro do guarda-vestidos
entre vaias e gemidos.
Ó caralho! Ó caralho!
Há gente que não faz nada
nem sequer coçar as pernas.
Há gente que não se importa
de viver feita aos bocados
com uma alma tão morta
que os mortos berram à porta
dos vivos que estão calados.
Ó caralho! Ó caralho!
Já é tempo de aprender
quanto custa a vida inteira
a comer e a beber
e a viver dessa maneira.
Já é tempo de dizer
que a fome tem outro nome.
Que viver já é ter fome.
Ó caralho! Ó caralho!
Ó caralho!

Joaquim Pessoa