sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Em 2ª mão, ao melhor preço...
O programa de usados "G2 Usados Certificados®" impõe-se como a melhor solução para obter uma boa experiência de compra e satisfação.
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domingo, 25 de janeiro de 2009
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Apá, tá nevoêrre, ó róbarrem a Trróia??
Este póste éi acêrrca do dialéte da nha terrã.
Labútes têm o dialéte más benite de tôde o Perrtegal e arredorres. Têmes uma data de bairres em que sa fálã dialétes diferrentes.
O nosse clube é o VITÓRRIA, que na é grrande, é enorrme! Ma depos o rai dos jegadorres ficãn todes à babuje e na há mei de marrcárrem gôles. O pove vai tôde verr os jogues e há uma clác que grrita "VAMES EMBORRA VITÓRRIA!", mas norrmalmente depois só batem do bombe trrês vezes. Se a mei dum jogue porr acaze óvérr perrada, o prrimeirro a levarr é o arróles. Fica logo arrepêze de terr aberrte a bocã! - AúA! Apá Sóce!
Em miúdes arranjãn-se amigues nas turrmas do cicle, a quemerr rabeçadinhes e rájás , a jegarr ó begalhe - (MARRALHAS!!) - e ó piã; a brrincárr co bichaninhas e bufas de lobe do Carrnaval. Com dezasseis anes arranjam uma bessiclete a motorr paírr pó liceu. Mais tarrde o pessoal quenhéce-se nos balhes das escolas e já na se deslarrga. As gajinhas começem a temárr a pírrela. Já depois dos trrinta, tudo com grrande cafetêrras e já cáse sen saguentarr denpé, a atrravesárr o Abusrrde e a verr as vistas, como se tivesse a andarr de ferribote, pa trrás e pá frrente, tipo fega, de volta das solteirronas à caça de bêbades. (ajuntãn-se a sorrte grrande e a terrminação)
Lá em Labutes têmes inemigues merrtais: os cagalêtes de Sesimbra e os carraméles de Palmela. São aqueles que dizem a todágente que mórram em Labútes, cando a verrdade é ca são dos arrebáldes. Qando nos encontrrames faz semprre faíscã e há semprre alguém a atiçarr pándarr à mócáda - enhagórra!
Todá gente que lá vai pensa que só se come chôque frrite, carrapaus e sarrdinha. Sabem o que é uma esquilhã? um chárre do álte? umas irrózes? uns encharrôques? uns alcorrázes? Têm éi quirr àalóta!
Apanha-se a caminéte dos Béles, cà noite tá chei de gajinhas enquelhidas de frrio áborrdarr os carres. Os carres parrem e fiquem ali a empacharr, a discutirr quantes marréis são, porrque são fómícas. O pessoal tem mede de se espatarr, mas nunca desólhã e conduz com cuidade.
A nha terra é a má linda e não há em lade nenhum um ri azul igual ó meu! (e na me venhem com essa merrda de estórria de marrgem sul, que nós têmes o nosse prróprrio rio e nã prrecizames do rio de ninguéin parra nos lecalizarrmes!)
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
T.S.F.
Dos arquivos da Academia de Ciências de Berlin, continuação da correspondência entre pioneiros da psiquiatria (1809)
Caríssimos Dr. Hans Schreber e Johannes Knecht
Por recomendação e em nome dela, venho dar-vos conta de algumas preocupações da Academia relativamente a vós, ilustres membros desta fraternidade. Tratam-se de progressos na cura do homossexualismo, assunto que atrevo sugerir, talvez vos interesse, a bem do desinteressado avanço da ciência médica. Dedicadas experiências do Dr. Ignatz Frans Schultz lograram curar diversos invertidos que se acoitavam no escuro, depois de se apagarem as lâmpadas de gás das ruas insalubres de Berlim, procurando o contento de seu infame desejo veneal. Trata-se de uma simples terapia. Estima o Dr. Schultz que o homossexualismo tem como origem a exaustão nervosa e, assim recomenda andar de bicicleta até o devido equilíbrio do organismo se restabeleça e o paciente recupere o heterossexualismo. Esta doença deriva de hiperestesia, ou excesso de sensibilidade aos estímulos, da região anal, como tal pode ser curada com aplicação de soluções de cocaína, catárticos salinos e mesmo aplicação hipodérmica de estricnina. Outro método é a estimulação eléctrica com captação de relâmpagos conduzidos por um cabo metálico até ao ânus do paciente. Este, confesso já experimentei mas encontro-me tolhido pela incerteza da sua eficácia, pois não sou homossexual e assim continuo. As minhas evacuações passaram no entanto a ser luminescentes e saltam ratazanas de pêlo hirsuto e dentes arreganhados, guinchando, da retrete sempre que lá me alivio. Esta prática é recomendável apesar da improbabilidade do raio de tempestade necessário. Decidi resolver de forma prática o assunto recorrendo a um gerador de Van der Graaf para gerar a electricidade. O movimento necessário é conseguido engenhosamente por uma parelha de burros alinhada de modo a que a besta traseira tente penetrar a fêmea que pus à frente. Confesso que consegui velocidades de rotação extraordinárias neste espantoso engenho físico. Malgrado ter usado correntes metálicas para amarrar os animais e o fuído eléctrico se ter comunicado à verga do macho e resultado num fenomenal arco voltaico entre este órgão e a vagina da burra. Sei que as ondas electromagnéticas resultantes desta descarga foram captadas a mais de duas milhas no laboratório do Dr. Heinrich Hertz, que agora se entusiasma com a absurda ideia de comunicação telegráfica sem fios através do éter. Diz que as descargas dos meus burros electrificados induziram alterações na coerência de um tubo de limalha de ferro que lhe serve de receptor. Delira o pobre homem, pois tendo já baptizado o método de ‘Telegrafia Sem Fios’, ou T.S.F, o pretende vender ao Ministério da Marinha a troco de choruda soma. Com sucesso, pois numa carta assinada pelo Contra-Almirante Andreas Schimtussen, que me mostrou o Dr. Hertz, já tenta encomendar o Ministério mais de cinquenta parelhas de burros. Fosse tal façanha realizável, diria que deve haver métodos mais praticáveis de realizar tal insano truque de circo. Sei que os meus caros amigos se encontram em viagem na Suiça, mas certamente acolherão esta minha ideia com satisfação.
Cordiais saudações, do vosso amigo,
Alexander Von Humboldt’
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Ehhhhh, toiro lindoooo
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Neil Young - Rockin In A Free World
There's colors on the street
Red, white and blue
People shufflin' their feet
People sleepin' in their shoes
But there's a warnin' sign
on the road ahead
There's a lot of people sayin'
we'd be better off dead
Don't feel like Satan,
but I am to them
So I try to forget it,
any way I can.
Keep on rockin' in the free world,
Keep on rockin' in the free world
Keep on rockin' in the free world,
Keep on rockin' in the free world.
I see a woman in the night
With a baby in her hand
Under an old street light
Near a garbage can
Now she puts the kid away,
and she's gone to get a hit
She hates her life,
and what she's done to it
There's one more kid
that will never go to school
Never get to fall in love,
never get to be cool.
Keep on rockin' in the free world,
Keep on rockin' in the free world
Keep on rockin' in the free world,
Keep on rockin' in the free world.
We got a thousand points of light
For the homeless man
We got a kinder, gentler,
Machine gun hand
We got department stores
and toilet paper
Got styrofoam boxes
for the ozone layer
Got a man of the people,
says keep hope alive
Got fuel to burn,
got roads to drive.
Keep on rockin' in the free world,
Keep on rockin' in the free world
Keep on rockin' in the free world,
Keep on rockin' in the free world.
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Alaska
Alaska y los Pegamoides - Horror en el Hipermercado
Empujando mi carrito,
lleno de Quench y Mielitos;
Mari Pili va muy mona
con su faldita de goma,
uh!
Terror en el hipermercado
Horror en el ultramarinos
Mi chica ha desaparecido
Y nadie sabe cómo ha sido
no, oh..
Maripili rica, guapa
de bonito ni una lata
Ven deprisa, ven corriendo
yo te espero en complementos
Terror en el hipermercado
Horror en el ultramarinos
Mi chica ha desaparecido
Y nadie sabe cómo ha sido
no, oh..
Llevo horas esperando
Maripili está tardando
Esta chica no coordina
Mary Pili ven monina
Terror en el hipermercado
Horror en el ultramarinos
Mi chica ha desaparecido
Y nadie sabe cómo ha sido
no, oh..
¿De quién es esta cabeza,
este brazo, esta pierna?
ay MaryPili eres tú
ay que disgusto, ay que cruz
Terror en el hipermercado
Horror en el ultramarinos
Mi chica ha desaparecido
Y nadie sabe cómo ha sido
no, oh..
Alaska y Dinarama - Quiero ser Santa
¡Quiero ser santa!
Quiero ser canonizada
Azotada y flagelada
Levitar por las mañanas
Y en el cuerpo tener llagas
Quiero estar acongojada
Alucinada y extasiada
Tener estigmas en las manos
En los pies y en el costado
¡Quiero ser santa! ¡Quiero ser beata!
¡Quiero ser santa! ¡Quiero ser beata!
Quiero estar martirizada
Y vivir enclaustrada
Quiero ser santificada
Viajar a Roma y ver al Papa
Quiero que cuando me muera
Mi cuerpo quede incorrupto
Que todos los que me vean
¡Queden muertos del susto!
¡Quiero ser santa! ¡Quiero ser beata!
¡Quiero ser santa! ¡Quiero ser beata!
sábado, 17 de janeiro de 2009
Isle of Man - Tourist Trophy Tribute
Podia começar aqui um texto maior que os posts da VD, apenas como introdução ao que me inspira a Ilha de Man, motociclisticamente falando, claro.
Mas prefiro citar um jornalista "Tuga" que resumiu assim uma volta à Ilha; "É como ir de Lisboa a Braga, sempre por estradas secundárias, a uma média superior a 200km/h."
Não há vias rápidas, o clima pode alterar-se radicalmente em diferentes zonas da Ilha, mas acima de tudo o que faz desta corrida algo de tão especial, é o facto de reunir pilotos profissionais com os vulgares motociclistas, os primeiros com aspirações desportivas e de carreira e o segundo, "apenas" para concretizar o sonho de uma vida.
Enfim............dizer o quê?
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
O QUE ESTÁ EM BAIXO É COMO O QUE ESTÁ EM CIMA
Do acervo da Biblioteca da Vereinigte Grosslogen von Deutschland ; continuação da correspondência entre os pioneiros da psiquiatria (1809)- II
‘Prezado Dr. Johannes Knecht
Caro amigo,
Talvez devesse endereçar esta missiva ao asilo de Riteln-Stolzenau, onde reputo seria o seu justo lugar, lá entre os seus companheiros orates e alienados. À custa de fortes doses de láudano talvez os médicos residentes lograssem acalmar os seus furiosos delírios. Relembro os nossos velhos tempos de senda alquímica, as noites de vígilia debruçados no athanor, vigiando as cores da Obra, cozendo bosta de vaca, cinabrio, orvalho e vitríolo. Moendo salitre, coágulos menstruais de virgem e urânio no almofariz de ágata; destilando, filtrando, concentrando e cozendo o Ovo Alquímico. Bem sei que o miserável pó de projecção que obtivemos não passava de absurda espagíria, sujando o chumbo com vil enxofre amarelo e outrossim, gastando o pouco ouro dos nossos bolsos. A Pedra líquida, o almejado elixir da vida e saúde longevas, só nos deu diarreia e cólicas. Como fui louco, fascinando-me com tal taumaturgo de pacotilha, que sois vós, Knecht. Sois, tampouco, uma sombra de charlatães famosos, como o malogrado e ridículo John Dee e nada tendes que ver com os verdadeiros Adeptos que idolatras; sois um mero chato nos tomates do glorioso Nicholas Flamel. O Oiro dos Filósofos não nos escapou por entre os dedos, como dizíeis, quando fugimos acossados acusados de burla, bruxaria e dissecação de cadáveres. Sentia-me um herói incompreendido e era verdadeiro amor o que senti por si. Lembro-me quando nos amámos sofregamente, sugando com gula as nossas vergas, abocanhando colhões e tudo, arreganhando a mucosa anal um do outro até ao cólon transverso sobre a mesa do laboratório e a Tábua Esmeralda. Agora, acho-me ressentido consigo; matá-lo-ia de bom grado se não me encontrasse na Suiça. Mas ainda o amo, Johannes. E estou disposto a perdoá-lo por me ter achado louco, eu que almejei aos mais altos degraus do Parnasso do Conhecimento e me sacrifiquei, prostituindo-me nos portos e oferecendo, mesmo doente, o rabo a velhos rozacruzes siflíticos. Sus! O asco que ainda sinto! Não me arrependo, no entanto. E mais. Apanhei nestas lides, uns parasitas horrendos que quais vermes insidiosos me enfraquecem sugando o fluído vital de todas as minhas células. Vejo-os perfeitamente ao microscópio e designei-os por ‘cromossomas’. São cilindricos como salsichas Braunschweiger ou Knockwurst e sempre vinte e três pares em todas as células que vi, curiosamente. Não entendo ainda o significado de tal regularidade matemática no comportamento destes parasitas. Já experimentei o remédio para as lombrigas, sem sucesso. Não saem por nada. Dei comigo introduzindo grossas raízes de mandrágora besuntadas com banha de enforcado no recto para curar as fístulas, escrófulas, fissuras, quistos hidáticos e cancros duros que os malvados bichos me causam.
Termino esta ressentida epístola com esta meditação: vai sempre dar tudo a isto – atafulhar o intestino. A nossa insaciável sensação de vazio, que tentamos preencher, não é coração, é no cólon. É o nosso coração metafórico.
Seu amigo, apesar de tudo.
Hans.
‘Caro ‘Dr.’ Hans Schreber,
Está perdoado. Venha e traga a banha de enforcado.
Cordialmente.
Johannes’.
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Zé Gato - 1979
Quem és tu "Zé Gato"
A cidade é p'ra fazer dinheiro
E se tu és um tipo inteiro
Vais passar um mau bocado
Vais ver o que custa não ser ouvido
No meio de tanto homem vendido
Em silêncio comprado
Quem és tu, Zé Gato?
O que é te te faz correr
Pelos cantos mais sujos, nesta terra
Tu já deves saber
Que mesmo quando vences batalhas
Estás longe de acabar com a guerra
Quem és tu, Zé Gato?
Mas tu és teimoso, como um burro
Vem na luva ou vem a murro
Nada te faz desistir
A luta é de vida, ou de morte
Mas a consciência é mais forte
E não te deixa fugir
Quem és tu, Zé Gato?
O que é te te faz correr
Pelos cantos mais sujos, nesta terra
Tu já deves saber
Que mesmo quando vences batalhas
Estás longe de acabar com a guerra
Quem és tu, Zé Gato?
domingo, 11 de janeiro de 2009
O tempo que se perde...
Perco todos os dias, pelo menos por uma vez, dois minutos e trinta segundos (assim mesmo por extenso e em bold, para verem bem a quantidade de tempo que são dois minutos e trinta segundos) só para aquecer o leite dentro de uma chávena...
Ponho a chávena com leite dentro do microondas e depois... ali fico aquele tempo todo sem nada fazer, a ver a chávena a andar à roda, até que uns pi-pi's irritantes me digam "tira a chávena para fora, pá, que o tempo que escolheste esgotou-se".
Claro que posso aproveitar para pôr manteiga no pão, ou fazer sudoku, ou zapping na tv... Mas a verdade é que fico ali, hipnotizado, sem nada mais poder fazer, talvez seja esse o efeito que as ondas, ditas micro, provoquem nas pessoas, pelo menos nas que são boas pessoas e incautas, que é o que eu sou (entre outras coisas).
Não sei porque é que neste tempo de tanta tecnologia, de tanta evolução, de tanta procura pelo óbvio, de tanta guerra, de tanta trama financeira, de tanta ganância, de tanta fome, de tanta vida desesperada, de tanta mulher que não tem homem, de tanta luta por isto ou por aquilo, de tanta conversa fiada, de tanta angústia, de tanta avaliação, de tanta vontade de comer ovos moles, de tanta gripe, de tanta gente ao relento, de tanta tecnologia, de tanta ida às compras, de tanta mão dada, de tanta criança sem medicamentos, enfim, não haja ainda à venda leite aquecido à temperatura que cada um dos compradores queira...
É que não me conformo por ter de perder todos os dias, pelo menos por uma vez, dois minutos e trinta segundos do meu tempo que devia ser dedicado ao estudo dos malmequeres e das sementes que deles caem... (ou de outra coisa qualquer, claro)
E isso deixa-me angustiado!
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
DE COMO REFINADAS AMIZADES AZEDAM POR CAUSA DE COISA NENHUMA
Do acervo da Biblioteca Luterana de Munique; continuação da correspondência entre os pioneiros da psiquiatria (1809)
‘Prezado Dr. Johannes Knecht
Caro amigo,
Confesso-me sensibilizado com a sua preocupação, mas receio ter de declinar aquilo a que V.Exa. ora me insta. Sei que estas minhas experiências auto-analíticas comportam riscos e apontam para campos ainda inexplorados. Que corro sérios riscos de incompreensão e mais, são por certo socialmente mal aceites. No entanto, recuso a sua hipótese de eu me encontrar em estado de desarranjo mental e estou por demais convencido que, por outro lado, que será justamente esse o seu caso. É para mim, que nutro por si sincera amizade, motivo de pena que tão renomado académico venha agora projectar em outrem os seus loucos desvarios. Sobem-lhe, por certo, pútridos miasmas intestinais ao cérebro, para meu desalento e desilusão, querido amigo. Sofro por o ver produzir tão alarves estultices e precipitar-se tristemente no abismo da insanidade. Introduzo aqui algumas revelações cuja pertinência compreenderá adiante. Causa-me repulsa ter de aventar tal tema, mas as suas insinuações acerca da minha loucura não me deixam outro remédio. Em primeiro lugar, a sua esposa Ulrich não é uma mulher, é um homem e o vosso filho Anton está longe de pertencer ao género humano pois não é mais que um cagalhão cheio de pevides e nervos de bife, de forma vagamente antropomórfica, que a sua ‘mulher’ logrou embrulhar em cueiros e mostrar-lhe de fugida. Não estranhou as más notas na catequese da escola luterana? Claro! O petiz só dava respostas de merda! Rio-me da sua hiperbólica estupidez, meu caro louco, pináculo da burrice humana que acoitei por piedade no regaço da minha benevolente amizade. A sua ´mulher´é um preto cafre que aportou a Utrech num navio que trazia uma remessa de cacau do Congo! Não estranhava acordar com horrendos pruridos anais e expulsar todas as manhãs grossos cilindros esbranquiçados de esperma? Não sabeis que a sua ‘mulher’ sofria de gravíssima infestação de Taenia echinococcus e largava segmentos de tão horrendo nemantelminta nos lençóis todas as noites? Como sei eu de tudo isto não lhe revelo ainda, mas acredite que tudo digo com propriedade.
Recomendo-lhe com urgência uma trepanação para que possa aliviar-se da pressão que os funestos miasmas lhe fazem no cérebro. Se quiser faço-a eu próprio e também tratarei, de bom grado, das ventosas, sanguessugas, da purga e da sangria.
Eu sim, encontro-me seriamente preocupado com o seu estado de saúde, pois constato que alguém que, posso dizê-lo, eu amava com a devoção filial, muito maior que aquela que o discípulo tem pelo Mestre, se revela afinal um orate, babando-se como um macaco, em delírios histéricos sobre supostos doutos incunábulos, vivendo uma absurda ilusão de respeito académico. Os seus pares, aliás têm como passatempo rirem-se nas suas costas, sabíeis disto, caro Johannes?
Sem mais, desejo-lhe sinceras melhoras.
Subscreve, Doutor Hans Schreber, Professor de Filosofia Natural e membro suplementar da Academia das Ciências, Director do Instituto de Estudos da Raiva e Vacinação dos Pobres, Higienista de S. A. Real a Rainha Sofia da Suécia, do Príncipe-Bispo de Salzburgo Grão-Mestre da Ordem dos Frenologistas do Império Austro-Húngaro & Etc’.
‘Caro ‘Dr.’ Hans Schreber
É com consternação que recebo a sua missiva e afundo-me em profunda tristeza de o ver tão doente, devo confessar. Mas não nutro por si qualquer pena, pois sois repelente e desprezível; uma pústula da humanidade; o mais repugnante aborto da natureza, um tratado de teratologia ambulante, uma vasta tigela de pus! Como estamos em maré de revelações, devo acrescentar que nas reuniões da Academia, os nossos pares na sua presença acham-se pálidos e enjoados de nojo, chegando mesmo alguns a vomitar nas suas costas: - mesmo aqueles que se dedicam á dissecação de cadáveres e abortos. Quanto á sua oferta para me realizar um orifício na cabeça para alívio da pressão cranial, devo acrescentar que a sua obsessão doentia com orifícios me repugna ao ponto da náusea. Não lhe chega atafulhar os seus com as mais descabidas matérias vegetais? Creio que o faz, não com qualquer intuito científico, pois nunca um oligofrénico como o senhor a tal poderia almejar, mas tão só com o fito de se borrar em repulsivos e imundos orgasmos anais, os únicos de que um aborto impotente como o senhor é capaz.
Dou-lhe, por fim, o benefício da dúvida e passo a explicar. Não sinto por si desprezo e devo confessar que, com muito sacrifício o tenho aturado todos estes anos, porque vi em si um excelente caso-estudo da mais baixa anormalidade do género humano. Ando a escrever um tratado que publicarei nos Anais da Academia e que reputo vir a constituir um significativo avanço na ciência psiquiátrica: o mais importante desde a análise dos tratamentos com flogisto das mulheres histéricas, de Arrhenius. Estou a pensar organizar um Congresso.
Vade retro, monstro!
Doutor Johannes Knecht, Cirurgião-mor de Sua Alteza Imperial o Arquiduque José de Aubsburgo, pedicuro-chefe da Casa Hesterhazy, Cavaleiro da Ordem Teutónica, Mestre Perfeito da Grande Loja Alemã, Presidente da Academia Real de Farmácia de Dresden, Director suplente do Jardim Botânico da Renânia-Palatinado & Etc.’
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
BACIA DE MESMER
Excerptos da correspondência privada entre dois precussores da psiquiatria moderna (1809)
'Prezado Dr. Johannes Knecht
Venho por este meio expor algo que me traz perplexo do decurso de algumas investigações psicológicas a que me tenho entregue neste período de férias nos Alpes Suíços, onde vim a banhos e passeios de montanha. Como sabeis certamente, na linguagem cabalística judaica a alma ou mente é composta de três partes: Memória, Conhecimento e Vontade; ou sejam, as Três Faculdades. Tal distinção tem sido bastante explorada pela narrativa germanófila, em Nietzsche, por exemplo. Num esforço auto-contemplativo recente consegui identificar os aspectos essenciais da minha estrutura mental. Em primeiro lugar, de que me lembro eu? De hiperbólicos pirafos, em que empurrei grossas torcidas de numerosas e frescas adolescentes, pelos respectivos cólons descendentes. É tudo de que me lembro. Falsas memórias, talvez. A adolescente, quem sabe, talvez seja uma transfiguração cerebral do velho alfarrabista libidinoso que me apanhou na despensa quando era jovem e, ao fim e ao cabo, o cólon era meu. No segundo aspecto, sabeis, Caro Dr., sou um jovem médico ávido de saberes de ciência e filosofia e tenho a alma humana como o objecto de estudo predilecto. Mormente, sei como atafulhar o marserápio no recto da criada de quarto e na dona da estalagem. Tenho conseguido colaboração plena da senhora Helga Klein e da criada, em prol da Ciência com recurso às técnicas de mesmerismo que convosco tenho aprendido. Devo dizer que, estas mulheres tão reservadas e religiosas, que apesar de quando despertam nada se lembrarem, se têm revelado colaboradoras plenas em prol da Ciência. Também sei como introduzir no meu próprio recto, a bem de experiências científicas de índole psico-sexual em que sou o próprio sujeito, como tem feito Havelock Hellis, nabos, courgettes e cenouras besuntados com molho picante e hortelã-pimenta. E é tudo. Não sei mais nada. Quanto á Vontade, esta move-se ao sabor de uma única paixão de alma: um obessivo Desejo. Desejo esburcinar, seviciar, estuprar, arrebentar! Macerar com brutos golpes de piça, apertadas cricas e entrefolhos anais até os esgaçar e deixar irremediavelmente lassos. Na Vida, tão só desejo isto.
Espero o seu conselho, estimado amigo, que me guiem, como tantas vezes, nos meus esforços de perseguir o Bom, o Belo e o Verdadeiro.
Com amizade, o seu amigo,
Hans.'
'Caro Dr. Hans Schreber
Prezado jovem amigo,
São meritórios os seus esforços e foi com verdadeiro prazer que me inteirei deles. Sem querer, no entanto, melindrar uma alma ávida e sensível como a sua, diria que no essencial, talvez o excesso de trabalho o tenha levado a alguma espécie de desarranjo nervoso, pelo que recomendo que regresse com celeridade para uma consulta comigo. Experimentarei a bacia de fluidos magnéticos de Mesmer e mesmo algumas novas práticas espíritas de que tive conhecimento, para que o seu cérebro se acalme. Parece-me este órgão ora desequilibrado nos seus fluidos com rarefacção do fleuma e demasiados impulsos sanguíneos que o predispõem à tendências histéricas. Experimentarei também técnicas florais de Bach, que consistem na introdução de grossos molhos de camomila, arnica e salva no recto do paciente e produzem notória acalmia dos nervos. Venha depressa pois confesso alguma preocupação com a sua saúde.
Seu dedicado amigo.
Johannes.'
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Movida II - Orquesta Mondragón
Hola mi amor yo soy el lobo
Quiero tenerte cerca para oirte mejor
Hola mi amor soy yo tu lobo
Quiero tenerte cerca para verte mejor
Hola mi amor yo soy el lobo
Quiero tenerte cerca para oirte mejor
Hola mi amor soy yo tu lobo
Quiero tenerte cerca para verte mejor
Si con tus garras me quisieras tu abrazar
Si con tus dientes me quisieras tu besar
Hola mi amor yo soy el lobo
Quiero tenerte cerca para hablarte mejor
Hola mi amor soy yo tu lobo
Quiero tenerte cerca para olerte mejor
Hola mi amor yo soy el lobo
Quiero tenerte cerca para hablarte mejor
Hola mi amor soy yo tu lobo
Quiero tenerte cerca para olerte mejor
Yo lo que quiero es tu cuerpo tan brutal
Y lo que adoro es tu fuerza de animal
Si con tus garras me quisieras tu abrazar
Si con tus dientes me quisieras tu besar
Hola mi amor yo soy el lobo
Te he comprado un anillo, un pastel y un yoyo
Hola mi amor soy yo tu lobo
quiero bailar contigo un lindo rock & roll
Hola mi amor yo soy el lobo
Te he comprado un anillo, un pastel y un yoyo
Hola mi amor soy yo tu lobo
quiero bailar contigo un lindo rock & roll
Yo solo quiero una noche sin final
LOLA
Lola es una chica de agencia y hotel
Que hace muy bien su papel
No hay otra que mueva mejor..
La lengua
Me tiene en sus manos
Estoy arruinao
Porque sin dinero no me quiere ver
No hay otra que lo haga mejor...
Que Lola
Quisiera tenerla solo para mi
Pero otros le pagan mucho mas que yo
Y Lola sonrie y se va
Que pena
Lola, Lola
Lola, Lola
Porque te vas
Porque te vas
Con quien iras
Lola, Lola
Lola, Lola
Porque te vas
Porque te vas
Con quien iras
Lola!
Todo te lo aguanto
Pero veme a ver
No me vayas a olvidar
Tu esclavo sere si me das...
Tu lengua
Hazme lo que quieras
Soy tu perro fiel
Sacame a pasear
Cuando vuelvas meneare
Mi cola
Lola, Lola
Lola, Lola
Porque te vas
Porque te vas
Con quien iras
Lola!
(...)
ELLOS LAS PREFIEREN GORDAS
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
Bajoujice do dia (nº2)
AO LONGE OS BARCOS DE FLORES
(A Ovídio de Alpoim)
Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranquila,
— Perdida voz que de entre as mais se exila,
— Festões de som dissimulando a hora.
Na orgia, ao longe, que em clarões cintila
E os lábios, branca, do carmim desflora...
Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranquila.
E a orquestra? E os beijos? Tudo a noite, fora,
Cauta, detém. Só modulada trila
A flauta flébil ... Quem há-de remi-la?
Quem sabe a dor que sem razão deplora?
Só, incessante, um som de flauta chora...
Camilo Pessanha, Clepsydra, Ed. Relógio D’Água, 1995
Neste poema de 1899, escrito num hotel de Cantão, e publicado em 1900, o poeta oferece-nos um belo exercício de evocação visual do som de uma flauta.
Ao ler “Ao longe os barcos de flores”o leitor romântico imaginará que o poeta se encontrava à varanda do hotel (e aqui a indicação da data e local de composição que figura na primeira edição do poema, no jornal Novidades, é preciosa) contemplando a paisagem nocturna dos barcos enfeitados de flores e luzes, sendo então surpreendido pela melodia de uma flauta que emerge da noite, misteriosa, e de tal forma comovente que o leva a pensar numa imagem de mulher para definir tal som. Mas não uma mulher qualquer: uma “síntese” de viuvez, solidão e delicadeza, num choro incessante, um choro de exílio, que se sobrepõe a todo o restante ruído, e enche, tranquilamente, a noite. O poeta fixa-se nessa melodia e acaba por interrogá-la, tentando entendê-la. E ao fazê-lo, ainda que retoricamente, procura perceber a razão de toda essa miríade de sentimentos (tristeza, desamparo, solidão) que o dominam, ao ouvi-la.
Assim, neste poema, ainda que a expressão do “eu” seja aparentemente silenciada, em detrimento de uma perspectiva puramente descritiva, o que ganha relevo, se quisermos “ler” o poeta em palimpsesto, é a forma como este frui a arte musical; que linguagem usa para a descodificar, como a interroga, que associações estabelece entre a linguagem musical e o seu universo emocional e estético, à luz do seu percurso biográfico (que não deixa de ser um elemento relevante para a leitura, já que o poeta faz questão de mencionar o local e data da composição do poema, aquando da 1ª edição).
Neste poema, o desafio que o poeta se coloca é o de imitar o real da forma mais difícil de todas: transmitindo por palavras o som, que por natureza, é indizível. Em contrapartida, ao leitor coloca-se o desafio (ainda maior, porventura) de tentar , através da visão subjectiva do poeta, construir as suas próprias ficções: imaginamos como seria a melodia que fascinou o poeta e imaginamos, em simultâneo, a sua imagem personificada, feminina, frágil, só, reverberando na noite o seu pranto de viuvez.
Dir-se-ia que um dos encantos do poema é essa perspectiva de observador em que o poeta se coloca, dando-nos a nós, leitores, a ver e a ouvir, um cenário féerico e nocturno, marcado ao longe pelo brilho dos clarões, pelo ruído difuso da “orquestra” e dos “beijos”. A noite é Romântica: tranquila, protectora, (a noite de Bocage) , acolhe e ,”cauta”, detém todos esses sons impuros, que apenas servem de contraponto ao som modulado da flauta. Mas o papel do poeta não se confina ao do mero espectador deste espectáculo que se desenrola perante os seus sentidos; cúmplice da noite, e da melodia, dir-se-ia que ele é o único a conseguir descobri-la perdida entre as demais, e a reconhecê-la no seu “exílio” e na sua grandeza de “festão de som”.Na segunda quadra, um certo erotismo na imagem escolhida pelo poeta, e aplicada, curiosamente, não à melodia mas ao objecto que a produz : no meio de uma orgia (de instrumentos musicais?) a flauta branca “cintila” e “desflora” o carmim dos lábios de mulher, que a tocam. Esta imagem, central para a interpretação do poema, legitima a leitura que o poeta faz da melodia, (“só”, “viúva”, “grácil” e portanto, feminina) e abre caminho a interrogações que visam perscrutar a alma de quem assim toca, ainda que o poeta o faça de forma metonímica : “ A flauta flébil … Quem há-de remi-la? /Quem sabe a dor que sem razão deplora?”. Na verdade, e apesar de encerrarem o poema, estas interrogações (retóricas) perdem importância quando confrontadas com o verso final (“Só, incessante, um som de flauta chora...”) pois o desejo de fruição pura e simples do som prevalece, no sujeito poético, sobre qualquer tentativa de o intelectualizar, pensando sobre ele.
De notar que um dos aspectos “encantatórios” do poema prende-se justamente com a repetição do verso “Só, incessante, um som de flauta chora...”, um verso de ritmo tripartido, que se repete, simetricamente no 1º e 13º versos, funcionando o 7º como eixo dessa simetria; a aliteração (Só, incessante, um som”; “trila / a flauta flébil”), a reiteração presente nas interrogações retóricas “E a orquestra? E os beijos?...”; “Quem há-de…?” /Quem sabe…?”, e ainda a redução da rima a duas “sílabas” (ora/ ila) contribuem igualmente para a construção do ritmo encantatório do poema.
Este poema constitui, em suma, uma belíssima manifestação da arte poética de Pessanha, e para usar as palavras de Alfredo Margarido, “um poema dotado de uma força simbólica perfeita” (expressão aplicada pelo autor ao poema “Vida”). A flauta, símbolo concreto, apresenta até uma ambiguidade de significação curiosa: por um lado, “desflora” os lábios de carmim; por outro lado, produz um som flébil, grácil, um choro feminino. Afirma Alfredo Margarido que na poesia de Pessanha “o mundo é caracterizado pela polissemia, e não há situação que o poeta possa resolver impondo-lhe apenas um sentido.”.
Destacaria ainda o simbologia do espaço (o “longe”, o “exílio”), elementos que, no seu contexto, interpõem um certo “distanciamento” entre o sujeito poético e o objecto de enunciação, e que nos recordam (inevitavelmente) que Pessanha foi um “autor do exílio” e um poeta “ao longe”, que (ainda no dizer de Alfredo Margarido) escolheu o Oriente também como forma de interpor uma distância entre si e a sociedade que na época o julgava.
Por fim, gostaria de aqui colocar, em contraponto, o poema de Fernando Pessoa , “Trila na noite uma flauta”, que com este estabelece um discreto diálogo. E digo “em contraponto”, porque neste poema a “flauta”, aparece despida da sua carga simbólica, e o poeta não se deixa submergir pelo som que ela produz, nem se entrega à fruição quase sensorial desse mesmo som. Pelo contrário, o sujeito poético apropria-se da melodia de uma forma intelectualizada, questionando o seu nexo, o seu ser , feito de “nada”.
Trila na noite uma flauta.É de algum
pastor? Que importa? Perdida
série de notas vagas e sem sentido nenhum
como a Vida.
Sem nexo ou princípio ou fim ondeia
a ária alada.
Pobre ária fora de música e de voz, tão cheia
de não ser nada.
Não há nexo ou fio por que se lembre aquela
ária ao parar;
E já ao ouvi-la sofro a saudade dela
e o quanto cessar.
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Edição utilizada:
Pessanha, Camilo, Clepsydra (ed. crítica de Paulo Franchetti), Relógio D’Água. 1995
Bibliografia
Camilo, João, A Clepsidra de Camilo Pessanha”, Persona, nº10, Porto , Julho de 1984, p.20-33.
Margarido, Alfredo
, “Os sentidos simbólicos da poesia de Camilo Pessanha: visão, ouvido, olfacto”, Nova Renascença, vol IX, Porto, Verão de 1989-Verão de 1990, p. 247-261.
Os meus votos
domingo, 4 de janeiro de 2009
...Saúdinha! (da boa!)
Ninguém na rua na noite fria só eu e o luar,
voltava a casa quando vi que havia luz num velho bar,
não hesitei fazia frio e nele entrei.
Estando tão longe da minha terra tive a sensação,
de ter entrado numa taberna de Braga ou Monção,
e um homem velho se acercou e assim falou.
Vamos brindar com vinho verde que é do meu Portugal
e o vinho verde me fará recordar
a aldeia branca que deixei atrás do mar,
vamos brindar com verde vinho para que possa cantar
canções do Minho que me fazem sonhar
com o momento de voltar ao lar.
Falou-me então naquele dia triste o velho Luís,
em que deixara tudo quanto existe para o fazer feliz,
a noiva, a mãe, a casa, o pai e o cão também.
Pensando agora naquela cena que na estranja vi,
recordo a mágoa recordo a pena, que com ele vivi,
bom português regressa breve e vem de vez.
Vamos brindar com vinho verde que é do meu Portugal
e o vinho verde me fará recordar
a aldeia branca que deixei atrás do mar,
vamos brindar com verde vinho para que possa cantar
canções do Minho que me fazem sonhar
com o momento de voltar ao lar.