segunda-feira, 30 de abril de 2012
FORGIVE & FORGET
quarta-feira, 11 de abril de 2012
Manifesto
Por um novo cinema – o porno neo-realista
1. Vão difíceis, os tempos.
2. Os tempos vão difíceis e não caminham para fáceis.
3. Caminham, os tempos, mas devagarinho, agarrados à arrastadeira. E usam fraldões para incontinentes.
4. A malta vê-os passar, os tempos, no seu andar miudinho, mas finge que não repara.
5. É preciso mostrar o que as pessoas não querem ver, destes tempos. É preciso afocinhar naquilo que se preferiria ignorar.
6. A única maneira de trazer à consciência aquilo que se preferiria ignorar é através de uma objectificação.
7. Nada objectifica melhor que a pornografia.
Estes são os pressupostos básicos para a construção de uma nova linguagem cultural que o Movimento Vareta pretende instituir. Uma linguagem política e socialmente empenhada, devedora do neo-realismo, mas ultra-capitalista na consciência clara e sadia de que a única forma de integrar os elementos sociais ‘invisíveis’ é através da sua exploração comercial.
Como fazê-lo, então? Com verdade! O porno neo-realista pretende-se uma nova linguagem, mais verdadeira que o cinéma vérité, mais documental que o documentário, politicamente subversiva. Pretende-se transformar o tempo da masturbação num momento de reflexão social e política. Cremos que é urgente. Cremos que é preciso.
Caso 1 – Os sem-abrigo
Os sem-abrigo incomodam. Estorvam. Estão para ali. Não têm uso. Não aproveitam a ninguém. Empecilhos. Ao menos que os escondessem. O porno neo-realista não pode ficar indiferente a este desejo de não ver. É preciso mostrar os sem-abrigo enquanto objecto puro, sem qualquer espécie de subjectividade. E como? Mostrando-os a pinar; trazendo à líbido colectiva a imagem do sem-abrigo enquanto objecto da luxúria. É assim que a primeira produção do Movimento Vareta se projecta, sob o título “Aceitam-se esmolas... pela frente e por trás” – a história crua de uma sem-abrigo madura e da sua sexualidade. Cientes da diversidade do mercado, outros títulos se perfilarão, com a colaboração dos notáveis especialistas desta casa, como “Incidências do abcesso anorretal na população sem-abrigo” e “O matulão do cartão”.
Caso 2 – A ruralidade
Vou ali ao shopping. Apanho transportes. Sou cosmopolita e urbano. E a minha tia-avó ainda vive num casinhoto numa aldeia esquecida onde não vou porque não é bem o meu mundo. O porno neo-realista não pode ficar indiferente a este desejo de não ver. É preciso mostrar o mundo rural como ele é, enquanto objecto, sem lirismos nem significado. E como? Mostrando-o a pinar. O Movimento Vareta projecta para breve as longas-metragens “Lá me partiram a cantarinha”; “Tudo medra no regadio”; “Vou dar de comer ao gado”; “Deita aqui o Foskamónio” e o futuro clássico “Uma na enfusa, outra no almude”.
Todos os filmes do Movimento Vareta serão fruto de um aturado trabalho de campo, com elencos de amadores recrutados entre as populações alvo, sem caracterização e sem argumento. Pretende-se o nu e cru da sexualidade dos retratados. Não é uma questão de ‘dar voz a quem a não tem’; é antes a assunção clara de que a fetichização, no sentido marxista do termo, é a única forma de trazer ao mercado aquilo que o mesmo empurra para as margens. Projectos como “Balbúrdia no Piquenicão”, sobre os clichés da baixa cultura; “A peida do almeida”, sobre a recolha de lixo; ou “C’a ganda seringa!”, sobre a toxicodependência; pretendem acordar a reflexão sobre estes temas ao nível primário da tesão – para que a pornografia e a masturbação não sejam escapes mas antes formas activas de envolvimento social. Em última instância, cremos ser o desejo o único cimento da verdadeira integração.
terça-feira, 10 de abril de 2012
Histórias que acabam depressa, III
E ele esmaga o cigarro no cinzeiro e vai e diz:
sábado, 7 de abril de 2012
Histórias Pascais (porque não? - ao estilo das histórias do Vareta)
Ele: - Tenho a sarça ardente.
Ela: - É um milagre, ao fim de tanto tempo...