sábado, 16 de julho de 2011

O Frique





  • Rastas velhas de anos e onde a pediculose só não prospera por milagre

  • Fitinhas de ginástica rítmica com uns pesos na ponta para as gajas (e só as gajas) fazerem uma merda qualquer a que aparentemente chamam dança, ora para extorquir cobres a totós, ora para passar o tempo.

  • Falta de higiene generalizada

  • Djambés

  • Odor desagradável a suor com patine de 3-15 dias

  • Didgeridoos

  • Gaia, oh Gaia!

  • Cuspir onde se senta

  • Vegan

  • Percevejos

  • Sarro no pescoço

  • Rafeiros com sarna

  • Apanhar tachadas de Casal da Eira entre ganzas que rodam por 30 bocas que andaram sabe-se lá onde

  • Pulgas

  • Arrastar o cu pelo miradouro de Santa Catarina todo o santo dia privando assim as pessoas humanas daquele espaço

  • Betos a armar ao indigente convencidos que são almas livres

  • brincar com pauzinhos em chamas

  • Rafeiros que cagam onde não devem

  • Bochcechas cheias de pitrol para os gajos (e só os gajos!) irem melgar o pobre incauto que resolveu parar na esplanada a beber um cafézinho

  • Chatos

  • Rafeiros com chagas

  • Carraças

  • Crusty Punks

  • Anilhas dispersas um pouco por todas as partes visíveis do corpo (das outras não sei - nem quero saber), augurando um porvir preocupante quando as carnes começarem a amolecer e a pender por mor da passagem do tempo

  • Manchas de suor nas t-shirts apertadas das gajas, onde também vislumbras uma argamassada e generosa massa pilosa

sexta-feira, 15 de julho de 2011

TEATRO PORNOGRÁFICO NOVECENTISTA DE CORDEL: HAMLET



- Oh bela Ofélia, de flores ornada em refulgentes cores, corres graciosa em prados e bosques, frescos regatos, colhendo ambrósia no Parnasso dos verdes campos da Dinamarca. Quisera eu em teu regaço repousar meu rosto cansado das vãs oposições com teu pai, Túlio Emídio.

- Oh Hameleto, que me namoriscas galante, conhecendo eu bem teus bárbaros intuitos libidinosos de furar-me o tracto traseiro com sórdida e insalubre verga, amassando-me a torcida mas picando-te nas pevides de melancia da Dinamarca que comi ontem.

- Como eu gostava que foras antes viril mancebo, pois meus entusiasmos veneais são mais conformes à condição varonil e outrossim queria eu meu tracto traseiro preenchido a rebentar pela semente da soldadesca, anões de circo, gado muar e asinino.

- Ah estulto Hameleto, que cuidas de tão malsãs inclinações! E eu aqui abandonada ao frémito cuja semente lançaste em minh’ alma e que descendo a meu ventre, aí fez acorrem víscidos humores e lânguidas mas ardentes disposições. Cuidaria poder, por detrás daquela verdejante e salvífica folhagem consumar o venéreo acto, mas deixando intacta minha virtude, pois para o sacro matrimónio me guardo, com Itríblio, o Electricista.

- Ah Ofélia, que te perdes em sensuais desígnios! Guarda essa dupla virtude e ainda a de outros doces orifícios também aptos a fruir das naturais alegrias!

-Sus! Que dizeis, Hameleto? Como posso não me perder no fogo da lascívia, agora que os quentes eflúvios escorrem da minha matriz e sinto suaves estocadas no tracto traseiro, fremente que é de desejo de ser preenchido e alargado até atingir a plena lisura dos dóceis e frágeis hímenes e subir ventre acima até meu colo e assomar-se nas orelhas, esta grossa torcida que desejo ver por ti amassada?

-São delírios de louca, os que proferes, Ofélia! Pois o mesmo desejo eu, com Asdrúbio, o teu bárbaro servo etíope. Que me varasse com o seu grosso e venoso membro escuro e me rebentasse os interfolia até ao ducto do ventre onde os fluidos quentes da sua semente se misturariam com os biliosos fleumas de meu corpo, que tanta melancolia me causam.

- Mas ora, esquecei, Hamleto, vossas inclinações e antes chupai em minha rósea e generosa natureza, que quasi glabra a achareis e se mesmo uma rala pubescência encontrades, estou certa que a achareis mui prazenteira e suave!

-Assim farei Ofélia… smmmurfffblll…

- Oh doces e prazerosos espasmos sinto em meu virginal vazadoiro! Que grande confusão sinto em minhas carnes! Que concupiscências descubro eu, por haveres ora sugado recolhidas e secretas excrescências! Confundo-me Hameleto e parece-me que sinto em meu ventre largarem-se umas gordas massas fedentinosas. Peço-te que não me recrimineis, se em tua franca face de Príncipe as ora largo profusas!

Mas, Oh, doce Ofélia, como pudera censurar-te? Se neste amplexo me acho coberto do fruto castanho de teu doce ventre descuidado!

- Então aqui vão mais.

Oh.

Oh.

Finis.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

HIPÉRBATOS




Si Amor entre las plumas de su nido
Prendió mi libertad, ¿qué hará ahora,
Que en tus ojos, dulcísima señora,
Armado vuela, ya que no vestido?

Entre las vïoletas fui herido
Del áspid que hoy entre los lilios mora;
Igual fuerza tenías siendo aurora,
Que ya como sol tienes bien nacido.

Saludaré tu luz con voz doliente,
Cual tierno ruiseñor en prisión dura
Despide quejas, pero dulcemente.

Diré como de rayos vi tu frente
Coronada, y que hace tu hermosura
Cantar las aves, y llorar la gente.


Luis de Góngora y Argote (1561- 1627)

Do alvescente ventre as saudades sinto, em meu sentido volteando; em meu ser a cândida imagem de alvos orbes, os teus seios de róseas e hírtulas aréolas, o leite esguichando, de dois já prenhe, pois havemos-nos descuidado e soi esguichar eu em teu posterior tracto, a tua Natureza quis eu daquela vez, num bruto forçar, as delicadas peles rebentar. Do ventre, a contenção já esquecida era, pois de tantos anos a fio o tracto zurzir, lasso se quedou e flácido esmaeceu; laradas e ventos extemporâneos soltando. Fedentes placas de velho chorume, de anos, guardas no teu rendado intérulo (*). Pernas abaixo vêm amiúde laradas grossas, antes pelas virginais virilhas escorrendo, depois pelas coxas e as fivelas dos sapatos cobrindo de grossa e amarela pastada. Glauca (**) a tua crica, do muito afazer que lhe davas, moços da aldeia, ferradores, gado: tudo no teu virginal vazadoiro malhava e zurzia, ó Musa! Loiros caracóis a tua cabeça outrora ostentava, ora glabra e piolhosa por esses tempos de folia debalde suspiras descontente. Grande era teu ânimo de borrada te veres e os muitos sucos em tuas alvas e esvoaçantes vestes empapavam, viscoso rasto no chão deixando, qual fémino caracol. Na tua boca, de que os dentes mera lembrança ora são, alva semente de burros, pretos e almocreves, em borbotões se acoitavam, de tal sorte que as tuas amigas, apenas de olhar para ti, de esperanças ficavam. Pelos floridos prados, pernas abaixo, os filhos ias largando e com as vacas se criavam. Dotes belos, doces lembranças, ora canto musa querida, sobretudo em dias de regras, gostava de te malhar na ferida…

(*) o.m.q. roupa interior; cuecas. Do latim interulus.
(**) O m.q. azul.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

A CASA DO MORTO SECO



‘Qual delas era a mais velha?’ – Isso já tinham as duas irmãs esquecido. As pequenas quezílias próprias de quem vive junto à dezenas de anos davam densidade ao torpor quotidiano daquelas duas irmãs solteiras, em que pouco ou nada de novo havia. Uma escondia a placa esquelética à outra e ria-se ás escondidas, por exemplo. E passavam o dia nisto. A lista de pequenas e infames malvadezes que Florinda fazia á irmã era, no entanto, mais longa: encher-lhe a fralda para adultos incontinentes com mostarda e pimenta, pôr-lhe o aparelho auditivo e a televisão com o volume no máximo, pôr-lhe o pó de ralar os calos no pimenteiro, bostear o bordo da sanita depois de lhe dar laxante à sucapa, desviar-lhe o vale da pensão para ela passar fome o resto do mês, por o número de telefone em páginas de encontros sexuais, declarar óbito da irmã na caixa geral de pensões, pôr massa consistente dentro do tubo da pasta dentífrica, sodomizá-la com um ‘strap-on’ de 24 polegadas depois de lhe dar dose tripla de comprimidos para dormir e depois deixar dois euros no travesseiro, roubar-lhe as cuecas todas, telefonar a ameaçar suicídio e depois espalhar uns restos de tripas que pediu no talho mesmo por baixo da janela e esconder-se, enfim, pequenas e muitas maldades de irmã para irmã.

Adélia, a vítima das pequenas mas perversas sevícias decidiu por cobro ao abuso e urdiu um plano de vingança. Modificou a fechadura para apenas poder ser destrancada por fora e saiu enquanto a irmã estava a dormir a sesta após o almoço. Tinha entaipado as janelas à pressa com tijolos e cortado o fio do telefone. Depois, levantou todo o dinheiro da conta conjunta onde juntavam algumas poupanças e fugiu para o Mónaco. Passados dois anos, voltou á casa onde tinha deixado a irmã para morrer. A casa tinha dado lugar a um centro de estética e talassoterapia onde aplicavam botox. Questionou sem resultado os poucos conhecidos que se lembravam delas. Sofreu, por não poder contemplar a sua vingança. Queria ver o cadáver ressequido, desorbitado e pendendo carnes pútridas da irmã na cadeira de baloiço. Riu-se tresloucadamente: ‘ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah!....’ e perdeu urina mesmo ali no passeio em frente à geladaria. Um mês depois estava no manicómio, drogada a pintar na sala de convívio quando a enfermeira lhe disse que tinha uma visita. Adélia engasgou-se, arregalou os olhos e tolhida de horror e incredulidade viu a sua irmã entrar. Olha-a inexpressivamente e em silêncio. ‘Pensavas que tinhas acabado comigo, hein? ‘- disse. ‘Escapei pelo sifão da sanita depois de duas semanas de horrível dieta para emagrecer e lá caber. Nesse tempo só comi broa de Avintes e anchovas de tomatada. Sofri muito, mas besuntei-me de sebo das botas e escapuli-me até á ETAR onde fui socorrida por um rico homem com quem casei. Era um bom homem mas morreu de uns ataques. –‘Maldita!’ – Disse Adélia. A enfermeira tinha sido subornada por Florinda e á noite á sucapa preparava-se para fazer uma lobotomia a Adélia. Pé ante pé, foi até a cela almofadada de Adélia com um serrote, uma pua e um alguidar para aparar o sangue e os miolos. Mas tropeçou no vaso de noite que estava muito cheio e entornou-o. Sobressaltada, Adélia acordou e sacou da caçadeira de canos serrados que tinha debaixo dos lençóis. A cabeça da enfermeira ficou espalhada na parede do quarto. Adélia saiu do manicómio no cesto da roupa suja e em poucas horas logrou localizar a irmã. Escondeu-se no quarto e esperou. A irmã, por fim, regressou do centro de dia, bebeu um chá de camomila e foi-se deitar. Sentiu nos lençóis o pegajoso de uma feijoada à transmontana e guinchou enojada. Adélia saiu do roupeiro e riu-se num esgar demencial: ‘ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah!...’ A irmã golpeou-lhe a cabeça com um candeeiro e Adélia bateu com a cabeça na bacia dos despejos. Quando acordou, estava atada á cama e amordaçada. A irmã meneava um safa-calos e preparava-se para lhe ralar um joanete. Fitou a irmã com um misto de ódio e horror e pensou na próxima vingança que havia de perpetrar: havia de matar um cão, cortar-lhe o pénis cheio de esperma seca esverdeada e enfiá-lo na merenda de ‘Lanche Isidoro’ e meia carcaça de Florinda. Ela havia de se vomitar toda e Adélia teria a sua vingança. Servida fria.

FIM

sexta-feira, 1 de julho de 2011

doodie
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