sexta-feira, 31 de outubro de 2008

OS CLÃS DA MINA ALFANA



Clarissimus Elias agrimensoris hoc opus humilis gratio animo dicamus.

Aurélio Seborrêia foi dar de corpo na sua triste sentina turca. Vivia num anexo ilegal de alvenaria de tijolo por rebocar, com os ferros a sobrar no telhado de fibrocimento pois estava á espera de uns dinheirinhos que viessem para um dia acrescentar mais um andar. O bafo fétido da urina que refluía do sifão e empoçava na sanita deu-lhe náuseas e, Aurélio regurgitou involuntariamente uma parte do caril de cabeça de vaca cozida com esparguete que comera ao jantar. Teve o vago consolo ao voltar a mascar uns pedacinhos de pele e cartilagem da Freezean-Holstein. Era comida que ia buscar em panelões ao quartel e era disputada pelos desvalidos do bairro e pelos cães. Mas era comida. Baixou as calças e acocorou-se. Fez força e a torcida, arranhando-lhe o epitélio rectal com as pevides de abóbora, lá saiu fumegante. Mor de uma gigantesca catota que unia pêlos da região peri-anal e que fazia uma ponte por cima do orifício anal, o cagalhão saiu dividido em dois. A metade esquerda caiu com um sonoro ploc na sanita fazendo salpicar líquido que lhe molhou o anús, as nádegas e as truces amarelecidas e mal-cheirosas, de elásticos já lassos e ainda o gigantesco quisto que tinha nos testículos. Ao longe, ouviu-se o silvo da mina de volfrâmio chamando os operários para o turno das sete. Silenciosos, enquanto ajeitavam os gasogénios no capacete ou reviam as marmitas de ferro zincado, lá desciam ao poço da mina. Aurélio cuidava dos cavalos que puxavam os comboios de charriões com minério. Só entrava no turno das cinco.Alguns já tinham nascido na mina e nunca tinham visto a luz do sol. Eram animais esquálidos, magros e macilentos que morriam muito cedo mor do intenso esforço a que eram submetidos. Elias, o Larilas, o seu amigo de infância espalhava panfletos anarco-sindicalistas nas imediações da mina, escondendo-se o melhor que podia dos soldados e contava com a conivência discreta de Aurélio. As famílias numerosas dos mineiros revezavam-se para dormir em regime de cama-quente e passavam muita fome. O almoço de Aurélio no dia anterior tinha sido uma casca de abóbora e um nervo de bife. No dia anterior, fora um parco arroz trinca sonegado aos cães mastins do couteiro do Barão Smolgorov-Smirnov acompanhado de guelras. Por vezes fazia incursões no cemitério, para comer uns ‘pipis’ de morto com seis meses de sepultura.
A única consolação era engravidar as moças nos meio dos farejais, quando elas vinham da ceifa e os homens das minas. Os métodos anticoncepcionais dos mineiros eram primários. Ejaculavam nas orelhas das moças ou mais frequentemente numa marmitinha, que elas guardavam ciosamente para depois fazerem queijos que os homens levariam de merenda para a mina. A mãe de Aurélio temia que a polícia política lhe levasse o filho. Muitos operários e intelectuais burgueses comunistas tinham desaparecido nos calabouços da polícia e as rusgas ás casas dos operários eram frequentes. Aurélio desalojou a metade direita da torcida que tinha ficado presa nas cuecas e deixou-a cair na sanita. Lambeu os dedos e foi manipular-se, introduzindo um grosso talo de couve tronchuda no recto, enquanto imaginava que era Elias que o possuía com ternura na pocilga de Jonas, o Judeu sapateiro, após o que Aurélio lhe sugaria com gula o membro viril besuntado nas suas próprias vezes amareladas por causa da hepatite.
Um dia, por terem escavado demasiadas galerias, a mina abateu deixando uma enorme cratera e os mineiros sem emprego e os filhos com a fome a terem de se prostituir com padres porcos e homossexuais. A mãe de Elias, o Larilas, depois do filho ter sido preso e seviciado pela polícia, decidiu ser ela a espalhar ás claras os panfletos do Manifesto Comunista à porta da mina, tendo acto contínuo levado um balázio no meio da testa e morrido espasmodicamente num estertor absurdo.

FIM

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

pontapé na cona

Há dias fui ao Bairro Alto… “festa???” no Frágil

Eu também gostava de ir à festa no Frágil, mas chego 20 anos depois. Não sei é se gostariam de me ter por lá. Claro que não me apresentaria sozinho, chegaria com grupo de fundadores, retirados da naftalina. Passaríamos primeiro pela Tasca Azul (essa que os parvenus chamam, literais, Arroz Doce) onde beberíamos, a desafio da velha Alice que a Rosa já lá não deve estar, umas rodadas valentes de "pontapés na cona" (como da última vez que lá entrei, 1994, natais, mais de 10 anos depois de lá ter ido pela última vez, rodeado nesse dia de 7 sobrinhos "a mostrarem-me o Bairro Alto", e logo a ex-tia aos gritos ao ver-me a assomar à porta, "óóóóó homem!!!!, há quantos anos!!!! Sai já uma rodada de pontapés ..." para o balcão, e os sobrinhos e as sobrinhas a olhar para mim, esgazeados, que à espera de tanto, apesar do tudo, não estavam. Nem eu, confesso, num esgar de "ixe, que bandeira". A desse dia, mas acima de tudo que grande estendal devia(mos) ter feito in illo tempore.Se tivessemos tempo iríamos depois ao Estádio ver os putos (mas só por ir, por ser dia de refazer velhos trajectos, que aquilo para além do quadro nunca teve nada), desceríamos ao B'artis ver a Paula, dado que o Judeu se ausentou de vez, resmungaríamos que o raio do Targus é uma merda a querer-se chic (malditas cadeiras, raio de jornalistas enfatuados amais os publicitários), rir-nos-íamos dos tempos de um tal de Juke Box/Rock House ou vice-versa que já não lembro, coisas até de acabar por lá, enquanto detestaríamos a Tertúlia a não ser as tostas, recusaríamos o cinéfilo do Majong e nem os matrecos jogaríamos, lamentaríamos o já não dos Lábios do Vinho, fumaríamos umas coisas estranhas junto de vários caixotes de lixo da Diário de Notícias ou adjacentes, contestaríamos o estado lamentável do BA de hoje e das novas gerações, coisa sem jeito, aportaríamos aos Pastorinhos (reaberto, disseram-me os tantans) à procura do Eduardo e do Hernâni que não sei se ainda andam por lá, beberíamos ainda mais cálices de rajada, interromperíamos a noite para ir picar o ponto ao Frágil, interrogarmo-nos sobre o raio de porteiro que não tem, decerto, a pinta do Alfredo. Se nisto tudo ainda estivessemos de pé alguns dos meus amigos assumiriam, histriónicos, pérfidas identidades. Logo depois, quais Bijagós, regressaríamos mal-vistos (que estes gajos "são sempre a mesma merda") aos Pastores ouvir o melhor funk do mundo.
Não há fígado e coração para tanto? Nada disso. Apenas porque há que saber sair com dignidade, ainda no apogeu. Dar lugar aos novos. Com a nostalgia de que no nosso tempo é que era. Mirando(-as) de soslaio

Isto, meus amigos, é o que temos de ensinar ao porco a procurar!



Reparem bem no preço desta merda...

Adas, indica aí o melhor sítio, em Portugal, para encontrar disto.

Tipo de solo? Região?

Are You talking to me?

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

E TAMBÉM OS RITMOS SINO-CHINESES

Mais ritmos Afro-Americanos

RITMOS AFRO-AMERICANOS # 2: JIVE





Cab Callloway (1943) e os Jackson Brothers & Joe Jackson (1980)

RITMOS AFRO-AMERICANOS # 1: SHUFFLE





P.S. Umas casuais, mas delicisoas 'Triplettes de Belleville' e Mr. Scruff.

Como não poderia deixar de ser..............




Bom dia.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O Nosso Amor é Verde



O nosso amor é verde.
Nós somos verdes.
Verdes,
como são os campos
e as árvores
quando regressa a Primavera.
Verde é tudo quanto é belo.
Tu és verde, meu amor, verde.
Verde!
O nosso amor é verde,
mas não digas a ninguém.

Mais, muito, muitíssimo mais sobre quem foi e o que cantou Natália de Andrade, nesta muitíssimo bem esgalhada e sentida homenagem: http://nataliadeandrade.com.sapo.pt/index.html

Os Três Desejos

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Era de manhã cedo e...














"Bom dia vizinha Pardaloca, não tem por aí duas ou três sementes que me empreste para eu dar aos meus passarinhos, que não se calam com fome? Sabe?! É que o Pardalão Mor, meu senhor e amo, fecundador dos meus ovos, saiu já em busca de comida, mas não voltou ainda. Oxalá Pardaleus o traga de volta depressa e de boa saúde..."

"Pois sim, Pardalinha, minha vizinha e amiga, companheira de árvore, venha cá, tenho sim algumas sementes, não preciso delas, ainda estou a chocar os meus ovos, como sabe. Venha buscá-las, depois devolve-as quando for caso disso. E não se preocupe, o seu Pardalão Mor vai regressar em breve, o meu Pardalão Mor-Mor também saiu, daqui a pouco voltam os dois..."

E deste lado da árvore, para aquele lado mais ali à frente, reparem bem, a distância é pouca, a Pardalinha, só com a experiência que os genes lhe davam, deixou o ninho e foi buscar as sementes que, batendo asas em cima do ninho, entregou a cada um dos filhotes, pouco mais que grandes bicos amarelos por fora, rosados por dentro, que piavam com todas as forças que podiam ter...

Isto foi de manhã bem cedo, quando a claridade do dia empurra o escuro da noite para o lado.

E é esta sinfonia dos pardalinhos e estas conversas entre duas pardalas, mães amorosas, uma ainda nova já com prole, a outra mais velha à espera dela, que me acorda pela manhã. E, como som de fundo destas conversas e destes chilreios, o som do mar que sempre está presente quando durmo, quando acordo...

Conversas de bichos, direis vós, imaginação que imagina coisas impossíveis!

Maravilhas de um Universo perfeito, digo eu e não creio que esteja enganado!

In: "Histórias possíveis e impossiveis", de autor desconhecido do Sec. XIII

Era de manhã cedo e...

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

terça-feira, 21 de outubro de 2008

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Evolução

domingo, 19 de outubro de 2008

Farm Life

Quem achar que a vida no campo é saudável, natural e fortalece o espírito, ponha o dedo no ar...


sexta-feira, 17 de outubro de 2008


Que tipo de moldura ficaria bem num quadro destes?!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Milagre!

domingo, 12 de outubro de 2008

Viena Vegetable Orchestra

O ritmo dos vegetais.
Impróprio para carnívoros?

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Mais Brel

Com as minhas desculpas à estounua por, salvo seja, postar tão em cima dela, mas com a melhor das intenções, que é a de recordar o grande Brel, o homem que, segundo cosnta, depois de cada concerto deixava uma poça de suor à sua volta (a menos que padecesse de incontinência urinária, mas não creio que fosse o caso), intérprete soberbo, um num milhão, e que 'quando eu era novo' nunca passou mais de uma semana fora do gira-discos ou do leitor de cassettes, deixo-vos algumas das suas obras-primas.

Faltaria o não me grites, pá, la valse a mille temps e tantas outras, mas não quero deixar aqui uma mortalha. Um lençol chega.


«Vesoul»


«Les bonbons»


«Quand'on á que l'amour»


«Les Bourgeois»

Jacques Brel - 8 April 1929 – 9 October 1978


quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Abram alas p’ró Noddy!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

benfica sempre!



domingo, 5 de outubro de 2008

Orgulho!

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

DROGADO



Ídolos Pop alternativos dos anos 60 #4: Irmãos Catita 'Drogado. Quando eu tinha 39 anos.

NINGUÉM PÁRA O BENFICA!!!


A igualdade quando nasce é para todos!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

que se foda a bola, vamos para a tourada...

Casam-se fufas e paneleiros,
não importa sol ou sombra
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro
as feras.
Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano
só nos podem causar dano
espera.
Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais
são tretas.
Entram vacas depois dos forcados
que não pegam nada.
Soam brados e olés dos nabos
que não pagam nada
e só ficam os peões de brega
cuja profissão
não pega.
Com bandarilhas de esperança
afugentamos a fera
estamos na praça
da Primavera.
Nós vamos pegar o mundo
pelos cornos da desgraça
e fazermos da tristeza
graça.
Entram velhas doidas e turistas
entram excursões
entram benefícios e cronistas
entram aldrabões
entram marialvas e coristas
entram galifões
de crista.
Entram cavaleiros à garupa
do seu heroísmo
entra aquela música maluca
do passodoblismo
entra a aficionada e a caduca
mais o snobismo
e cismo...
Entram empresários moralistas
entram frustrações
entram antiquários e fadistas
e contradições
e entra muito dólar muita gente
que dá lucro as milhões.
E diz o inteligente
que acabaram asa canções.

FUERZA NAPOLI!!!!!!

willst du sie kaufen?

"Queres tu comprá-los?
São todos pra comprar.
Mas oferece muito.
Faz tinir a bolsa cheia!
Senão fortifica-los.
Senão fortificas-lhes a virtude..."



nietzsche

O que eu gosto mesmo é de estabelecer os direitos constitucionais dos outros!


Para o meu amigo Chouriço:

- Que quando se discutem os direitos fundamentais dos cidadãos estabelecidos na Constituição nos diz que «inconstitucionalidades à parte - que não é isso que tem agora de ser discutido…»;

- Que diz que é contra o casamento homossexual e fundamenta a sua opinião não no casamento homossexual, mas naquilo «que pode vir depois»;

- Que é contra a adopção por homossexuais porque isso «lhe faz muita impressão»;

- Que é contra a adopção por homossexuais mesmo que isso corresponda ao interesse da criança;

- Que é incondicionalmente a favor da adopção, desde que seja por casais heterossexuais;

- Que é favor da adopção por casais heterossexuais mesmo que isso não corresponda ao interesse da criança;

- Que é contra a adopção por homossexuais mesmo que admita expressamente que é «sempre inconstitucional uma medida que limite os direitos de um casal homossexual, por discriminação em relação aos restantes casais e em contradição com o artigo 13.º da Constituição da República Portuguesa»;

- Que é contra a adopção por homossexuais mesmo que não conheça um único argumento científico para o justificar;

- Que quando se fala de um filho biológico só põe em causa «o seu crescimento junto da mãe se for maltratado ou se for exercida violência sobre a criança ou algo assim e não por ser filho de lésbica, claro», mas se outra criança tiver o azar de não ser «filha de lésbica» então fica na Casa Pia, que até se lixa;

- Que para que uma criança adoptada por homossexuais «não sofra uma poderosa pressão social, quer na escola, quer no seu círculo de amigos lá da rua», antes prefere que sofra uma poderosa pressão na instituição onde está internada;

- Que é contra a homossexualidade porque essa porcaria é pecado;

- Que é a favor da violação dos direitos fundamentais dos cidadãos estabelecidos na Constituição mas… somente em casos por si criteriosamente escolhidos;

- Que acha que há homossexualidade «por moda, por imitação e por necessidade de se sentir integrado numa minoria, ou por outro motivo qualquer» e que alguém um belo dia decide ser homossexual para afinal… se sentir integrado;

- Que é contra a homossexualidade porque Deus matou a malta toda em Sodoma e Gomorra, e Deus não é cá para brincadeiras;

- Que acha que a diferenciação entre as pessoas constitui justificação para as «tratar de forma diferente» que é como quem diz, para... as discriminar;

- Que pensa que um homem e uma mulher adquirem o direito a adoptar crianças só pelo facto de serem casados, sem necessidade de avaliação ou escrutínio e independentemente do «interesse da criança»;

- Que é católico mas não ao ponto de amar o próximo como a si mesmo;

- Que pensa que ele é que sabe o que é isso do «interesse da criança» e que todos os outros são umas bestas;

- Que identifica uma importante vertente material e patrimonial no casamento a que chama «um negócio», mas como é um brilhante constitucionalista distingue o acesso dos cidadãos a esse mesmo negócio... em razão da sua orientação sexual;

- Que, mesmo que não conheça as origens do casamento civil em Portugal, acha que ainda não passou tempo suficiente desde 1802 e do Código de Napoleão de forma a justificar a «necessidade de alargar o sentido tradicional do casamento»;

- Que defende o sentido tradicional do casamento e por isso defende a proibição do divórcio, que o homem seja chefe de família, que o homem administre os bens do casal, mesmo até o ordenado da mulher; que a mulher só possa ser comerciante com autorização do marido, que a mulher só possa sair do país com autorização do marido, que a mulher não seja herdeira legitimária do marido, que as enfermeiras não se possam casar, que as hospedeiras de bordo não se possam casar, que o homem seja «o chefe da família»…;

E, finalmente,
- Que demonstra uma curiosa associação de ideias entre tudo aquilo que se refere a sexo e... a prática de relações sexuais com animais…

…então, para o meu amigo Chouriço, aqui deixo estes dois singelos “cartoons”:




quarta-feira, 1 de outubro de 2008

GRACE SLICK, 1967



Ídolos Pop alternativos dos anos 60 # 3 : Grace Slick, vocalista dos Jefferson Airplane 'White rabbit'. Eu tinha dois anos.

Prémio 'O vestido parece comprado na FIL artesanato, mas por baixo estava material de primeira e au naturel'.