sexta-feira, 1 de agosto de 2008



FERIADO MUNICIPAL

Estavam opíparos, aqueles mexilhões de cebolada. Hildo lambeu os beiços e chuchou gulosamente o molho picante de alho e salsa de mais um bivalve e deu um golo no Asti. Arregalou os olhos, soltou um valente peido com molho e suspirou regalado. A mulher olhou-o de soslaio porque aquilo era um péssimo exemplo para as crianças. Hildo espevitou os dentes e ajeitou os truces metendo as mãos pela perna dos calções de praia. Lino, o filho mais novo estava na coboiada com Énio, o do meio - que era deficiente - num gesto mais brusco entornou o frasco do picante com whisky – receita angolana. Acto contínuo levou um chapadão com as costas da mão e desatou num berreiro. A mãe pegou nas crianças pela mão e foi-se embora. Hildo pegou no comando e mudou para o jogo. Dois minutos depois já cabeceava. Nisto, ouviu um ruído vindo do prato das cascas de mexilhão e acordou da sua modorra. As cascas movimentavam-se umas por sobre as outras e uma diáfana luz rósea surgia do meio do amontoado de restos bem chupados dos bivalves. Era Deus Nosso Senhor.

A Sua voz profunda e bem modulada chamou por Hildo.

- Hildo…Hildo…É Deus que te fala… Sou Eu, Aquele que Sou, o Senhor dos Exércitos, o Criador do Céu e da Terra.

Hildo soergueu-se de olhos arregalados e perguntou-se se estaria a sonhar.

- er…então diga lá ao que vem. É que eu não estava à espera… Não vão uns percebezinhos? Sobraram, porque a mim fazem-me cólicas e gases…

- Tenho uma mensagem para a Humanidade, Hildo, e serás tu o meu mensageiro: Não comerás nenhum animal que tenha morrido por si; ao peregrino que está dentro das tuas portas o darás a comer, ou o venderás ao estrangeiro. Não cozerás o cabrito no leite de sua mãe’.

- Isto não são cabritos, são mexilhões e morreram cozidos em água a ferver. Não foi de morte natural, propriamente.

- Não são cabritos? Isto não são as orelhas?

- Isso são cascas de mexilhão, Senhor.

- Bom. Não interessa. ‘E tu toma trigo, e cevada, e favas, e lentilhas, e milho miúdo, e espelta, e mete-os numa só vasilha, e deles faze pão. Conforme o número dos dias que te deitares sobre o teu lado, trezentos e noventa dias, comerás disso. E a tua comida, que hás de comer, será por peso, vinte siclos cada dia; de tempo em tempo a comerás.
Tu a comerás como bolos de cevada, e à vista deles a assarás sobre o excremento humano’.

- Já estou a ficar enjoado, Senhor.

- É assim a vida. Isso foi da litrada de Asti com groselha que bebeste.

- Não posso misturar mexilhão com a espelta, seja lá isso o que for?...

- ‘Não. E mais te digo: ‘todo o que não tem barbatanas, nem escamas, nos mares e nos rios, todo réptil das águas, e todos os animais que vivem nas águas, estes vos serão abomináveis’

- Comer marisco é uma abominação, Senhor?

-É pois. Aguenta que é serviço.

- Ó cona da mãe…

11 comentários:

Anónimo disse...

vou imprimir

Anónimo disse...

Quando o mar bate na rocha, que se fode é o Hildo.

Anónimo disse...

o palerma do bock anda lá em baixo à procura do abona de família do Cavaco...

Assento da Sanita disse...

O Nosferatu de Boliqueime dá subsídios?

Anónimo disse...

deve dar... a quem conseguir comer o cu à dona Cavaca.

Anónimo disse...

Palerma é o caralho que te foda, oh estupido.

Imbecil.
Camelo.
Troglodta.
Caga cascas de pevide de abóbora.
Chupa-algodoes de agarrados (mais conhecido como Algodao Doce...).

Sevandija.
Bujarra.

Linda posta, AdaS.

Ilustrativa e com moral da história e tudo.
Vou guardar para instruir os meus rebentos.

Anónimo disse...

caranguejo assado

Anónimo disse...

No Cafe Malaca ali ao cachodre fazem uma receita tailandesa de caranguejo 'mole', de seu nome ... ahhh... agora nao me lembro, mas que é um verdadeiro piteu. E cona vista para o Rio e tudo.

Recomendo.

Anónimo disse...

Posta, caralho!

Assento da Sanita disse...

ish

Anónimo disse...

não deixam respirar as postas, cona... e estas do javardo bem precisam de ar.