sexta-feira, 8 de julho de 2011

HIPÉRBATOS




Si Amor entre las plumas de su nido
Prendió mi libertad, ¿qué hará ahora,
Que en tus ojos, dulcísima señora,
Armado vuela, ya que no vestido?

Entre las vïoletas fui herido
Del áspid que hoy entre los lilios mora;
Igual fuerza tenías siendo aurora,
Que ya como sol tienes bien nacido.

Saludaré tu luz con voz doliente,
Cual tierno ruiseñor en prisión dura
Despide quejas, pero dulcemente.

Diré como de rayos vi tu frente
Coronada, y que hace tu hermosura
Cantar las aves, y llorar la gente.


Luis de Góngora y Argote (1561- 1627)

Do alvescente ventre as saudades sinto, em meu sentido volteando; em meu ser a cândida imagem de alvos orbes, os teus seios de róseas e hírtulas aréolas, o leite esguichando, de dois já prenhe, pois havemos-nos descuidado e soi esguichar eu em teu posterior tracto, a tua Natureza quis eu daquela vez, num bruto forçar, as delicadas peles rebentar. Do ventre, a contenção já esquecida era, pois de tantos anos a fio o tracto zurzir, lasso se quedou e flácido esmaeceu; laradas e ventos extemporâneos soltando. Fedentes placas de velho chorume, de anos, guardas no teu rendado intérulo (*). Pernas abaixo vêm amiúde laradas grossas, antes pelas virginais virilhas escorrendo, depois pelas coxas e as fivelas dos sapatos cobrindo de grossa e amarela pastada. Glauca (**) a tua crica, do muito afazer que lhe davas, moços da aldeia, ferradores, gado: tudo no teu virginal vazadoiro malhava e zurzia, ó Musa! Loiros caracóis a tua cabeça outrora ostentava, ora glabra e piolhosa por esses tempos de folia debalde suspiras descontente. Grande era teu ânimo de borrada te veres e os muitos sucos em tuas alvas e esvoaçantes vestes empapavam, viscoso rasto no chão deixando, qual fémino caracol. Na tua boca, de que os dentes mera lembrança ora são, alva semente de burros, pretos e almocreves, em borbotões se acoitavam, de tal sorte que as tuas amigas, apenas de olhar para ti, de esperanças ficavam. Pelos floridos prados, pernas abaixo, os filhos ias largando e com as vacas se criavam. Dotes belos, doces lembranças, ora canto musa querida, sobretudo em dias de regras, gostava de te malhar na ferida…

(*) o.m.q. roupa interior; cuecas. Do latim interulus.
(**) O m.q. azul.

16 comentários:

Fernando disse...

..aralho!

Dum Dum disse...

Nunca vi tanto hipérbato junto!

VD disse...

O Fernando e o Assento são namorados?...Então e o Bock, já era?
(perdoem a ignorância...é que eu não vinha aqui há bués...)

Assento da Sanita disse...

Que tal uma posta com oxímoros? Também era giro...

Vareta disse...

Eu propunha-te epizêuxis e prosopopeia.

És grande, rapaz!

VD disse...

Era mas era "Confissões de uma regueifa" com recurso à deíxis pessoal...

Assento da Sanita disse...

Vareta, assim tipo 'Bidé, bidé, bidé, porque não me amas?'...

Bock disse...

O bidé só ama a bufa, o pipi e o pé.

VD disse...

Aliteração rima com morcão e com javardão. Entre outras.

g2 disse...

Importas-te de traduzir isto, fáxafôr?

Assento da Sanita disse...

http://pt.wikipedia.org/wiki/Figura_de_linguagem

g2 disse...

Não gosto de wikipediar...

Bock disse...

Mas consta que de apanhar na bolha já gostas!

Dum Dum disse...

Então e a antonomásia?

Bock disse...

Pá... se envolve arrepanhar as mucosas do cólon tenho a certeza de que o gajo gosta.

Assento da Sanita disse...

E amassar a torcida à piçada.