segunda-feira, 2 de novembro de 2009

On Language



Calhou-me ontem, por intermédio de uma daquelas pessoas que me reconcilia com a noção da continuidade da espécie humana, ouvir uma palestra de Aldous Huxley, gravada nos anos 50 e habilmente convertida para mp3, como que num lembrete quanto à ideia da perenidade de tudo o que se diz on the record.

Calhou-me ontem, por intermédio da junção da marcenaria japonesa e da construção civil coreana, ouvir aquela palestra já tarde na noite, estendido num sofá de onde se viam pinheiros sacudidos pelo vento e a sua sacudida sombra numa parede imóvel. Esta frase é inútil; é até irritante porque há sempre algo de pretensioso em definirmos o “nosso” contexto. Está escrita, todavia, e escrevi-a porque, literalmente, embiquei para ali.

Dizia eu, então, que ouvi ontem uma palestra do Aldous Huxley. O seu título: “On Language”. Singelo e ambicioso, ao mesmo tempo. São 45 minutos em que o senhor fala, titubeia, vira umas folhas de papel, diz duas ou três graças e partilha. Partilha o que pensa, o que estava a pensar, o que tinha vindo a pensar. No caso dele, ouvindo-o, isso remonta a sabedoria. É isso então que ele partilha, sabedoria sobre este extraordinário sistema de símbolos. Sendo que Huxley era Huxley, a sua visão é abrangente, expressa numa forma elegante e é, também, profundamente sadia. Esta palestra faz bem.

Brevemente: sublinhando o carácter excepcional da linguagem humana no contexto animal; evidenciando o seu carácter determinante na existência da humanidade; e expondo muitas das suas limitações e alguns dos seus efeitos profundamente perversos, Huxley, como outros, traça uma clara distinção entre experiência e linguagem, apontando assim para aquilo a que chama a nossa natureza anfíbia. Fundamental, por ser uma verdade simples, experienciável e facilmente transmissível até por um meio tão corruptível como o é a linguagem, parece-me ser a repetição da ideia de que isto, esta linguagem, este conjunto de símbolos que agora nos é comum, não pode ser visto como um absoluto, ou seja, não deve permitir que, à semelhança do que sempre se fez, se escarneça, apedreje, enclausure ou execute quem haja por bem questionar a sua validade ou apontar coisas ou factos ou ideias que não “cabem” na linguagem como hoje a entendemos.

“Lá vem ele outra vez com aquela merda da linguagem”, pensarão vocês. Descansem; descansem que não é bem isso. O facto é que já aqui escrevi uma ou outra coisa que alinha com o teor da palestra de Huxley. E fez-me sentir uma frustração fininha, rememorando algumas coisas esta manhã, que uma palestra gravada nos anos 50, veiculando uma nova expressão de ideias que têm aparecido regularmente desde há milénios, só me tenha chegado aos ouvidos mais de 50 anos depois de ser gravada e, ainda assim, mercê da intervenção de uma daquelas pessoas que me reconcilia com a continuidade da espécie humana.

Essa frustração miudinha advém do que me parece ser a tendência para deixar as expressões do que é um (ou vários) pensamento pelo menos válido e de certa forma são, nas margens da expressão a que temos acesso, nas cimalhas das prateleiras da linguagem, onde só vai quem tiver paciência para subir o escadote ou se cansar de ter os tornozelos mordidos pela canzoada do mainstream. A imagem das cimalhas não tem a ver com qualquer ideia de “superioridade”, apenas de dificuldade de acesso. Há, porra; há mecanismos de auto-preservação deste sistema de símbolos e duas das suas principais armas são o ridículo e o white noise. Huxley ainda é um daqueles casos em que as pessoas conhecem o nome, até já leram o Admirável Mundo Novo, mas (MAS, claro, tinha que vir...) diz que ficou com a mioleira toda calcinada por mor da droga, não foi? Escreveu umas coisas sobre visões e o caralho, não foi? Ganda maluco, pá; inglês todo pipi e vai-se a ver era um janado daqueles!... Altamente! Mas outros, outros nomes, deixando-os apenas no volet de certa forma “contemporâneo”: Daisetzu Suzuki, Bertrand Russel, Alan Watts, Joseph Campbell, Christmas Humphreys, Witold Gombrowicz, Herman Hesse, mesmo... e sempre outros, outros nomes. Pode parecer uma salganhada, mistura de alhos com bugalhos; o que é facto é que todos eles foram num momento ou outro ridicularizados (alguns “reabilitados”, depois; alguns não) ou apenas ignorados porque o que diziam e escreviam não cabia na opinião dominante. É fácil: basta uma referência a escolas de pensamento orientais e lá vem o carimbo “ah!, é new age/auto-ajuda/mais um com a mania que é guru/tipo-Paulo Coelho”... Mais a mais se o discurso é simples, tendente a re-simplificar a visão sobre certos aspectos, logo se gera um “consenso académico” sobre a falta da validade de tudo aquilo, “disparates” sem solidez – porque ameaça o “Estado de coisas”, porque convida a pensar. E esse, esse é o novo pecado original. Pensar é impróprio, ainda para mais se não se consegue responder de imediato à pergunta “em quê?”. É uma vergonha e não deve ser feito em público...

Em virtude disso, passei por 17 anos de ensino sem que ninguém tenha tido a decência de explicar que o instrumento utilizado para tal, a linguagem, é apenas UM sistema de símbolos, conservador por natureza, que se arroga poderes que não devia ter como o de recusar considerar como válida qualquer experiência que não pode ser reportada por aquilo que se “costuma dizer”. O mesmo sistema que nos deu o conceito de “extraordinário” rejeita tudo o que não seja ordinariamente transmissível. Eu fui educado com uma linguagem absolutista e é ainda sob o seu jugo que vivo. E não tenho espaço, chiça. Não há espaço deixado fora da linguagem porque esta merda desta mente não se CALA, não consegue deixar de pensar com palavras, sempre e sempre e sempre...

Porquê, alguém me explica porque é que nas aulas de inglês no Ciclo Novo de Tomar não me mostraram a palestra do Huxley como inciação à língua inglesa em vez da tonteria do “Love me do” dos Beatles?

56 comentários:

ostia disse...

bom dia

segun tu teoría, y con estos textos que escribes, tu estarás fo***** a todas horas.

perdona por la expresión

:-)

Bock disse...

Ou se calhar não, se calhar queria estar fodido a todas as horas e não está.

Gostava de saber, lui, porque é que num tasco onde a palavra facilmente descamba para a mais abjecta e baixa verborreia, te preocupas com camuflar caralhadas com asteriscos...

Francamente, pá.
Merecias levar umas bem mandadas nessas nalgas!
(bufatatadas, leia-se)


Belas postas vareta. Li as duas de enfiada. A da groselha e do foder falou-me mais perto que a do Huxley e dos teus dilemas alter-pedagógicos.

Boa semana e assim.

E que a groselha e o grelo estejam sempre convosco.

ostia disse...

não sei bock ..me nasce assim das maos, eu es que vengo aqui e os palavroes se me esquecem

misterios de la natureza humana e de dios

Assento da Sanita disse...

A linguagem é um vírus sabemos ou, aquilo que nos alça para além da mera animalidade e nos torna seres que sabem que sabem, Mas como te aconteceu, com regularidade a sua impostura torna-se incómoda, Isto são uns pixeis pretos em fundo branco, Os sons que lhes correspondem são isso - sons, A coisa para onde aponta é Aquilo e não tem nome, é aquela coisa zen que diz que ao denominar estás a categorizar e ao categorizar destróis.

Esta maneira de pontuar é idiota, Que livro andei eu a ler no fds nas idas à casa-de-banho? Um gajo que escreve 'papos-de-aranha' em vez de palpos-de-aranha', mas nem escreve nada mal e, mas prefiro os teus textos.

luí disse...

a liguagem mas que tornaros seres que sabem que sabem, nos vuelve seres que quieren que los demas sepan que sabemos
:-)

Bock disse...

:D~

Ay, que com tanta eloquência, quase me corro, carallo.
:D

fininhO disse...

Totobola

X 2 1 1 2 X 2 X X 2 1 X 2

Assento da Sanita disse...

Tu te corres con casi todo...

Bock disse...

Não desminto.

Afinal de contas, sou um gajo heterossexual, pá.

Sei que te é estranho esse sentimento, mas prontos.

Contenta-te com saberes que nem todos precisamos de talos de couve e de asnos com túrgidos aparelhos urológicos para nos corrermos...

bock disse...

Fascinante, fininh0.
é código binário?

fininhO disse...

binério

fininhO disse...

Foi descoberta na Grã-Bretanha a caveira de um animal que aterrorizava os oceanos há 150 milhões de anos. O fóssil tem quase dois metros e meio de comprimento, o que permite aos cientistas afirmar que pertencia a um animal com cerca de 16 metros, o maior descoberto até hoje. E que poderia comer humanos com uma só dentada. Mas também outros predadores.

fininhO disse...

Cientistas descobrem sequência genética do pepino.

Um grupo de cientistas conseguiu decifrar a sequência genética do pepino, uma descoberta que pode ter importantes implicações para a produção de novas e melhoras variedades deste vegetal, indica um artigo hoje publicado na revista Nature.

Assento da Sanita disse...

10 LET PICHA=CONA+1
20 FOR PICHA=1 TO 9 'SEM TIRAR O CU DO SELIM'
30 LET PICHA=PICHA+CONA
40 IF CONA > PICHA THEN GOTO 200
50 RETURN
200 PRINT 'PALHAÇO! BOCK PALHAÇO!...'
END

bock disse...

AHAHAHAHAHAHAAHHAAH

Assento da Sanita disse...

AATACGGTCCCCAGGATCATTTACGCGTACCCAATACGATCGTACATGATACATATAGATGCGCCCGCC?

Ou isto é da melancia?.

Anónimo disse...

Cucumbres!

ostia disse...

aterrorizaba los oceanos? como se aterroriza a un oceano con lo grande que es?

eh tu oceano, uhhhuhhhh argggg te voy a beber até secarte
te vou pintar de vermelho con pigmentos para pintura

como?

que puede temer un oceano de un pez aunque seja de 16 metros?

esa es una mala utilización del lenguaje, quizas aterrorizaba a esos que se comia de duna dentada, que no se que estarian haciendo en medio del oceano


pero nada mas

Assento da Sanita disse...

Não aterrorizava nada!

fininhO disse...

bock + a sua tábua = terror dos oceanos



o adas é o terror das latrinas.

e tu ostia, serve-me masé uma groselha, anda...

Bock disse...

Oh, aterrorizava mas era o quarailho.
Levava com os fins na boca que até andava de roda.

Bock disse...

Quando o fin0 chega as sanitas encolhem-se de tal forma com o medo que se transformam em latrinas turcas.

Assento da Sanita disse...

Tábua de engomar?

fininhO disse...

O Assento tem as fuças de um Turco.

fininhO disse...

... ou de passar a ferro.

Assento da Sanita disse...

Cala-te, leitor-cagão!

ostia disse...

ja limpavas mazé era ese váternojento

que gômitos dao

Anónimo disse...

Ora, gostava eu de saber onde é que andava a raça humana há 150 milhões de anos que é para perceber como é que se metiam dentro da boca daquele peixe-de-aquário.

Bons dias.

Idebrincarcomosapetrechossexuaisdofóssilide.

chOURIÇO

Anónimo disse...

Vareta, mene, acho que atingist4e o patamar do Aldous Huxley e que queimaste os circuitos. A cannabis coreana diz que tem esse efeito.

Mais um texto sério e reflexivo. Mas gosto das tuas metáforas, pá.

Leva lá um abraço, ó esperança-da-Humanidade. Enquanto houver gajos que escrevam assim, vai o Mundo a andar bem. Ainda que utilizem o simbolismo da cruel e escarvizadora linguagem e que o que disse o Aldous Huxley sob influência de uma erva qualquer seja ressuscitado actualmente...

chOURIÇO

Assento da Sanita disse...

Ah limpavas, limpavas...
Não limpava nada!

va ostia, limpa disse...

tanto gusto que dá ver un banho bem lustroso, sin gémenes , ni cal ni marcas de frenos

queres que te amande un bote de salfuman? aqui habia uno que la marca era "la rata" , lo juro, no me lo invento

fininhO disse...

foda-se! nunca mais te peço a rata!



dá-me o rabito, dá...

Anónimo disse...

...............................

chOURIÇO

Bock disse...

ah, ah, ah!

fininhO disse...

fssssssssssssssssssssssssss

Anónimo disse...

Iá, coiso e tal...

chOURIÇO

fininhO disse...

é coisa e tal é... na peida, seu xóriço rabeta!

Anónimo disse...

Fin0, pá, tás a atravessar aquela fase em que te tornas na Catwoman?

É que esse sopro aí em cima e a tua reacção seguinte só podem significar muito sofrimento, assim do género...cio.

E estando tu com o cio, quererás que haja alguém que to empurre até à nuca.

Pois bem, deixa-me dizer-te que não tenho a solução para os teus males e terás de bater a outras portas (e punhetas) para atingires o teu objectivo.

E rabeta é mas é o caralho.

chOURIÇO

Me disse...

Bem esgalhado, Vareta.
Este, os outros e os demais.
Esgalhadíssimo, aliás.

Ao resto dos pichas, continuai nos vossos afazeres, vá.
Façam de conta que nunca cá venho...
Não valem um pila mole.
Pronto.

Me disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Memé, se antes eras um traveca, anão passas de uma queixinhas, tipo vítima-Sócras.

Se te vens aqui, certamente que todos damos por isso. O teu problema é não gemeres o suficiente. Nem que se seja um orgasmo a fingir, pá, tens é de fazer muito barulho.

Bons dias.

Idesatisfazerumpolíciaumindioumcowboyeoutrogajoqualquer.

chOURIÇO

Anónimo disse...

*agora não.

chOURIÇO

fininhO disse...

agora não!!!!! agora SIM... PIMBA!

mesmo nas nalgas! não foi, Zé Xóriço!

Bock disse...

É a depravação a grassar entre os malmequeres...

fininhO disse...

tá calado óh alforreca...

fininhO disse...

... libelinha da praia do Norte!

fininhO disse...

fresco quinhentista!

Assento da Sanita disse...

Isto já vai no sexo virtual entre homens! DEUS! CRISTO! NOSSA SENHORA MÃE DE DEUS!

fininhO disse...

teorias da arte moderna, é o que é... simbolismo e outras tendências subjetivistas

fininhO disse...

se o nabo não progride em virtude da estreiteza da bufa, nõa é por causa do conceito académico do nu! mete vaselina ou outro deslizante qualquer e pimba!

fininhO disse...

... enquanto o diabo esfrega o olho, tá todo lá dentro!

Não é Zé Carlos?

fininhO disse...

O Boca Doce é bom, é bom é, diz o avô e diz o bebééééé


Desdentados!

Anónimo disse...

Ui!

Recebi um e-mail de uma Anastasya russa com uma fotografa dela que nem vos conto!

Uma loira em vestido de noite com um ar muito engraçado.

E fala um espanholês quase perfeito, a puta!

E diz que obteve op meu e-mail em sites de encontros!

E isto que ela diz é tão verdade como eu ser o feliz contemplado de não-sei-quantos milhões de euros do Euromilhões da semana transacta.

Ah, foda-se, Anastasya, e se fosses para o caralho? É que vou já mandar-te um e-mail para o teu mail pessoal para saber se ainda estás carente e pretendes copular pela frente e por trás.

E se fosses mas é fazer broches a cavalos?

chOURIÇO

Anastasya disse...

ola, chouriçito, por aqui também?

Anastasya disse...

já recebi teu mail chouriçito, tá combinado, beijo e até logo então.

Bock disse...

Fazer broches a cavalos não deve ser nada fácil.
Um gajo deve ficar com um sorriso novo, de certeza. credo.
Foi assim que arranajaste o teu, fininh0?

Por falar em fininh0, tás tão lindo em http://sp9.fotolog.com/photo/9/30/84/parquemayer1/1239193232239_f.jpg