quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

DE COMO REFINADAS AMIZADES AZEDAM POR CAUSA DE COISA NENHUMA



Do acervo da Biblioteca Luterana de Munique; continuação da correspondência entre os pioneiros da psiquiatria (1809)

‘Prezado Dr. Johannes Knecht

Caro amigo,

Confesso-me sensibilizado com a sua preocupação, mas receio ter de declinar aquilo a que V.Exa. ora me insta. Sei que estas minhas experiências auto-analíticas comportam riscos e apontam para campos ainda inexplorados. Que corro sérios riscos de incompreensão e mais, são por certo socialmente mal aceites. No entanto, recuso a sua hipótese de eu me encontrar em estado de desarranjo mental e estou por demais convencido que, por outro lado, que será justamente esse o seu caso. É para mim, que nutro por si sincera amizade, motivo de pena que tão renomado académico venha agora projectar em outrem os seus loucos desvarios. Sobem-lhe, por certo, pútridos miasmas intestinais ao cérebro, para meu desalento e desilusão, querido amigo. Sofro por o ver produzir tão alarves estultices e precipitar-se tristemente no abismo da insanidade. Introduzo aqui algumas revelações cuja pertinência compreenderá adiante. Causa-me repulsa ter de aventar tal tema, mas as suas insinuações acerca da minha loucura não me deixam outro remédio. Em primeiro lugar, a sua esposa Ulrich não é uma mulher, é um homem e o vosso filho Anton está longe de pertencer ao género humano pois não é mais que um cagalhão cheio de pevides e nervos de bife, de forma vagamente antropomórfica, que a sua ‘mulher’ logrou embrulhar em cueiros e mostrar-lhe de fugida. Não estranhou as más notas na catequese da escola luterana? Claro! O petiz só dava respostas de merda! Rio-me da sua hiperbólica estupidez, meu caro louco, pináculo da burrice humana que acoitei por piedade no regaço da minha benevolente amizade. A sua ´mulher´é um preto cafre que aportou a Utrech num navio que trazia uma remessa de cacau do Congo! Não estranhava acordar com horrendos pruridos anais e expulsar todas as manhãs grossos cilindros esbranquiçados de esperma? Não sabeis que a sua ‘mulher’ sofria de gravíssima infestação de Taenia echinococcus e largava segmentos de tão horrendo nemantelminta nos lençóis todas as noites? Como sei eu de tudo isto não lhe revelo ainda, mas acredite que tudo digo com propriedade.

Recomendo-lhe com urgência uma trepanação para que possa aliviar-se da pressão que os funestos miasmas lhe fazem no cérebro. Se quiser faço-a eu próprio e também tratarei, de bom grado, das ventosas, sanguessugas, da purga e da sangria.

Eu sim, encontro-me seriamente preocupado com o seu estado de saúde, pois constato que alguém que, posso dizê-lo, eu amava com a devoção filial, muito maior que aquela que o discípulo tem pelo Mestre, se revela afinal um orate, babando-se como um macaco, em delírios histéricos sobre supostos doutos incunábulos, vivendo uma absurda ilusão de respeito académico. Os seus pares, aliás têm como passatempo rirem-se nas suas costas, sabíeis disto, caro Johannes?

Sem mais, desejo-lhe sinceras melhoras.

Subscreve, Doutor Hans Schreber, Professor de Filosofia Natural e membro suplementar da Academia das Ciências, Director do Instituto de Estudos da Raiva e Vacinação dos Pobres, Higienista de S. A. Real a Rainha Sofia da Suécia, do Príncipe-Bispo de Salzburgo Grão-Mestre da Ordem dos Frenologistas do Império Austro-Húngaro & Etc’.



‘Caro ‘Dr.’ Hans Schreber

É com consternação que recebo a sua missiva e afundo-me em profunda tristeza de o ver tão doente, devo confessar. Mas não nutro por si qualquer pena, pois sois repelente e desprezível; uma pústula da humanidade; o mais repugnante aborto da natureza, um tratado de teratologia ambulante, uma vasta tigela de pus! Como estamos em maré de revelações, devo acrescentar que nas reuniões da Academia, os nossos pares na sua presença acham-se pálidos e enjoados de nojo, chegando mesmo alguns a vomitar nas suas costas: - mesmo aqueles que se dedicam á dissecação de cadáveres e abortos. Quanto á sua oferta para me realizar um orifício na cabeça para alívio da pressão cranial, devo acrescentar que a sua obsessão doentia com orifícios me repugna ao ponto da náusea. Não lhe chega atafulhar os seus com as mais descabidas matérias vegetais? Creio que o faz, não com qualquer intuito científico, pois nunca um oligofrénico como o senhor a tal poderia almejar, mas tão só com o fito de se borrar em repulsivos e imundos orgasmos anais, os únicos de que um aborto impotente como o senhor é capaz.

Dou-lhe, por fim, o benefício da dúvida e passo a explicar. Não sinto por si desprezo e devo confessar que, com muito sacrifício o tenho aturado todos estes anos, porque vi em si um excelente caso-estudo da mais baixa anormalidade do género humano. Ando a escrever um tratado que publicarei nos Anais da Academia e que reputo vir a constituir um significativo avanço na ciência psiquiátrica: o mais importante desde a análise dos tratamentos com flogisto das mulheres histéricas, de Arrhenius. Estou a pensar organizar um Congresso.

Vade retro, monstro!

Doutor Johannes Knecht, Cirurgião-mor de Sua Alteza Imperial o Arquiduque José de Aubsburgo, pedicuro-chefe da Casa Hesterhazy, Cavaleiro da Ordem Teutónica, Mestre Perfeito da Grande Loja Alemã, Presidente da Academia Real de Farmácia de Dresden, Director suplente do Jardim Botânico da Renânia-Palatinado & Etc.’

10 comentários:

Dum Dum disse...

Genial, fabuloso, magnífico, etc.!

VD disse...

De facto, é notável.
E muito pertinente a observação de que há amizades que azedam por coisa nenhuma.

Anónimo disse...

Está frio na rua onde trabalho.

Felizmente apareceram aqui na esquina dois gentis africanos com quentes e bons marsapos que me aqueceram o cu e a cona.

Vou só ali beber um cimbalino para tirar este sabor da boca e volto já.

Anónimo disse...

Conito, pá, andas a arriscar muito para quem não quer conhecer a malta...

chOURIÇO

Anónimo disse...

Oláaaaaaaaaaaaaaa pessoal!!!
Beijos
Quicas

Dum Dum disse...

Frio?

Qual frio?

Estão 36º à sombra...





...nos entrefolhos de quem não tá com gripe.

Isto tá mau é para os nudistas.

Anónimo disse...

Vodka?

Nuno Simões disse...

Só para avisar que:

http://noticias.sapo.pt/info/artigo/907914.html

Feromona em grande destaque no sapo!

Mimo ;)

Anónimo disse...

E merecidíssimo!!!!
Tava a ver que não diziam nada sobre a versão dos Mão Morta.
Ganda malha, cralhos os fodam.
E até já tinham lá num cantinho umas groupies, pitas jeitosas a abanar o capacete.

Belíssimo conacerto! Grande forma, coordenação, conasistência, humor and soi on.

Tava gajo para repetir a dose.

Anónimo disse...

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semelokertes marchimundui