Pode acontecer que nem todos concordem comigo se eu disser que Paul Newman foi um grande homem, para lá de um grande actor. Mas neste particular (o de actor de cinema) todos concordarão comigo em que foi uma das maiores estrelas do cinema mundial e assim permanecerá para sempre.
Penso que a vara não se importará de se juntar a mim nesta homenagem.
sábado, 27 de setembro de 2008
Paul Newman
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
A canção do Monstro Voador de Esparguete
Para os que desconhecem o contexto da discussão e o explosivo fenómeno global da Igreja do Flying Spaghetti Monster: - segundo os seus seguidores o Monstro é o criador do Universo e de tudo que nele existe. Apesar de ser uma óbvia brincadeira, os seus seguidores nunca o assumem. Esta Igreja foi criada para suportar uma teoria alternativa e num mesmo estauto ontológico que o do embuste pseudo-científico -'creacionismo'.Os seus seguidores reclamaram seriamente tratamento igual no curriculum pedagógico de uma escola secundária americana onde o creacionismo ia ser ensinado a par do evolucionismo científico. Tal foi o eco mediático (sobretudo na internet,mas também nos media, incluindo a CNN) que a carta que os seguidores do Monstro (os pastafarians) enviaram à escola, que a sua direcção recuou na intenção de ceder á pressão dos creacionistas cristãos evangélicos. Para os pastafarians, a recompensa no céu para os justos passa por cerveja a rodos e muitas strippers. No inferno é igual, mas a cerveja é choca e as strippers têm doenças venéreas.
O monstro demiurgo - com os seus olhos de almôndega e apêndices de massa - vem na tradição das entidades absurdas, que uma vez pressupostas, não são susceptíveis de prova de não-existência. O Unicórnio cor-de-rosa e o famoso Bule em órbita de Bertrand Russel, nomeadamente. Veja a página da Igreja do Monstro Voador de Esparguete aqui ou o artigo correspondente da wikipédia.
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
Iter botanicorum Africa meridionalis descriptio
Que fariam dois botânicos portugueses, uma vez chegados aos últimos metros do extremo meridional do continente africano, o Cabo das Agulhas, assim baptizado nos idos de quatrocentos por Bartolomeu Dias? (cape eigul-ashe, em afrikaans). Exultar por dali para Sul só uns milhares de quilómetros de Índico e depois a Antártida? Apreciar as muitas baleias que a cinquenta metros da praia surfavam e saltavam nas ondas? Embasbacar com as plantas, como bois a olhar para palácios, de cuja família botânica não faziam sequer uma vaga ideia? Comungar com o seu amado objecto de estudo da forma mais directa possível? Passou-lhes pela cabeça: i) esfregarem-se nus na vegetação das dunas; ii) comer a vegetação; arrancá-la lançando bocados ao ar enquanto emitiriam gritos exultantes de felicidade; iii) pastá-la placidamente, mascando bruniáceas e restionáceas; sodomizar com brutalidade e a sangue frio umas moças que também por ali andavam fotografando flores do ‘fynbos’, o ‘mato’ em afrikaans, enquanto urravam como dois babuínos; iv) sodomizar dois babuínos; v) celebrar uma missa campal e erguer um padrão; vi) atirar-se de costas e de braços abertos uns seis ou sete metros de um penhasco abaixo e deixar-se cair no ‘fynbos’. Foi esta a escolhida. Um dedicado orientando de doutoramento dos dois patetas alegres logrou fotografar o alarve acto, entre duas incursões para vomitar atrás de uma termiteira, mor da ressaca sideral que resultou da bezana vergonhosa que tinha apanhado na noite anterior, envergonhando internacionalmente os orientadores e manchando o bom nome de Portugal. Por sorte, haviam poucos calhaus e paus espetados por baixo dos arbustos, logrando os brutamontes apenas espantar um grupo de pinguins que por ali andava. Não. Não praticámos quaisquer actos de pendor sexual, como será certamente sugerido nos comentários. Trata-se tão só da mais sã camaradagem científica e uma forma de male-bonding, tipo balneário. Que eu morra aqui ceguinho, se o que senti não foi uma transcendental experiência de comunhão com a vegetação e a geografia do Mundo. Ainda tenho espinhos de Strycnhos psilosperma (Loganiaceae) espetados nos feijões, pás.
Avariou o acelerador...
...e talvez isso seja um sinal de Deus!
Senão, vejamos:
É mais ou menos aceite que ao princípio só havia um átomo que tinha lá dentro dele tudo o que houve e há e há-de haver, fossem malmequeres, crocodilos, pastéis de nata, mini-saias, etc. Ora, é bom de ver que um tal átomo devia arrotar postas de pescada com fartura, ciente da sua importância, de saber que podia fazer o que lhe apetecesse, de não prestar contas a ninguém.
Então, porque razão um tal átomo iria, de "motu proprio", partir-se aos bocadinhos?!
Só pode ter sido por avaria, por algum desarranjo (fosse o postador um insigne postador e só esta palavra, "desarranjo" daria azo a quatro ou cinco linhas de prosa a condizer. Mas o postador sou eu e por aqui me fico, não sou sapateiro que vá além da chinela, sei lá quantos provérbios aqui podia deixar, o meu dicionário tem montes deles...), por algum desarranjo, dizia eu, que lhe tivesse acontecido.
E assim, recebemos o sinal através da avaria do Acelerador e devo dizer que prefiro ter sido criado por um deus, que ser resultado dos "expelimentos" de um átomo a sofrer de um qualquer desarranjo. (Assim os cientistas das partículas vejam estes sinais)
Aprendei esta palavra, a palavra do g2, partilhai-a com os amigos, com a família, com os inimigos também, em perfeita harmonia.
E, principalmente,
Meditai!
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Momento escatológico
Já andava há uns dias para postar esta pequena amostra escatológica vinda do outro lado do charco, mas entre a falta de tempo e os escrúpulos em respeitar e deixar respirar as postas alheias, sobretudo as que envolvem um mínimo de afagamento do neurónio, demoveram-me dos meus insalubres intentos.
Afinal de contas, isto é só chegar aqui e embedar o linque e está a andar de mota. Não é justo!
A altura correcta tinha sido logo em cima da posta do abichanado, deus lhe valha, que ele bem merecia, benza-o deus, coitadinho, abrenúncio, t'arrenego três vezes a andar ás arrecuas, mas faltou-me o tempo, maneiras que agora tem mesmo de ser em cima da prosa do G2, mas é assim, é a vida, ou, como se pode ver no video, shit happens!
Daqui a pouco...
...chega o Outono e traz
perfumes que não há nas outras estações do ano.
melancolias...
Florbela Espanca e António Nobre!
suspiros...
serões com vinho de Pias e queijo de Serpa (já a canção dizia, lá vai Moura, lá vai Serpa e as Pias ficam no meio, ao chegar à minha terra, não há que ter "arreceio")
olhar distante, ausente...
o piano do tio Chopin...
os livros que esperam a sua vez de ser lidos...
o cheiro das castanhas assadas...
passeios na praia...
fotografias de fins de dia...
aconchegos de camisolas de lã...
O Outono é assim, traz montes de coisas quando chega!
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
NA TUA FACE
Após breve consulta ao Google – estava eu assaz preocupado com a questão – descobri eu que a face de cristo é vista com frequência por humanos . Afinal as teofanias são ubíquas e é só querer vê-las. A lista provisória, que ociosamente compilei, inclui a Lua, imagens do telescópio Hubble de galáxias distantes, nuvens, eclipses, rochedos. Tal exercício é relativamente trivial mas, apercebi-me, paginas tantas, que ver a face de cristo em ecografias pré-natais é muito frequente. A face de Cristo paira, em miniatura, sobre o feto de onde se infere de imediato que o protege e abençoa. A face de Cristo surge três vezes em cascas de árvores, em fotos de garrafas de cerveja, quatro em sacos amarrotados casualmente, duas em cebolas cortadas ao meio e uma na cauda de um camarão. Tudo isto devidamente ilustrado com as respectivas fotos para que não duvidemos da veracidade. Aliás, é essa uma das fotos que ilustram a posta. (A capacidade humana para a auto-ilusão e para o ‘wishful-thinking’ é espantosa.)
A partir de conjecturas antropológicas e principalmente antropométricas e ainda com o auxílio de especialistas forenses, credíveis cientistas – e lembro-me do documentário da NG há algum tempo sobre o assunto – recriaram uma plausível face de Cristo.
Esta imagem suscitou-me, por associação de ideias, uma outra história. Sem desprimor algum, e já perceberão do que falo, porque a história é meramente factual, conto aqui a história do termo ‘grunho’. Em meados do século dezanove a Junta responsável pela colonização de Angola decidiu colonizar o Planalto central desta, na altura, colónia portuguesa . Pretendia-se que populações brancas, de matriz rural, encetassem o desbravamento agrícola da região. Recorreram a camponeses madeirenses, conhecidos pela rusticidade e capacidade de adaptação. No entanto, após uma fase de instalação e sem meios de comunicação, os camponeses acharam-se isolados e sem a possibilidade de escoar os produtos agrícolas. Em rigor, foram votados ao abandono. Ao invés de subsistirem como comunidade autónoma ou incitar o governador a auxiliá-los, abandonaram a agricultura e passaram a viver no mato na maior miséria material e intelectual, vivendo de uma escassa recolecção. Assilvestraram-se ao nível da mais abjecta bestialidade, vivendo em toscas cabanas, grutas, comendo carne crua e perdendo mesmo uma boa parte das capacidade linguísticas. Vestiam-se de peles, esfregavam-se em excrementos e uivavam como os cães. Os nativos da área, em termos comparativos, tinham uma sociedade rural bem organizada e com um grau tecnológico e cultural muito superior. Tinham um profundo desprezo por estes brancos bestiais e na sua língua, designaram-nos por ‘grunhos’ – os homens-animais.
Longe da imagem do mediterrânico moreno de olhos profundos, ou do loiro com uma barba de dois bicos, não sei se este neandertaloide passa bem por um essénio judeu, que historicamente até pode nem ter existido, sei lá. Mas a face e o olhar imbecil não me suscitam outra palavra – um grunho. Estes gajos dizem que Jesus Cristo era um grunho. É de lana caprina, de qualquer modo.Até podia ser um sósia do Cavaco. Me da igual, óstia! Um messias que andaria de pé nos últimos lugares do autocarro nos EUA nos anos 50 certamente. Preocupa-me mais a crise finaceira e o petróleo e a crise ambiental e o aquecimento de estufa.
Das duas imagens, interessa-me mais a da cauda do camarão. Apesar de só se ver a face de cristo com uns óculos 3-D, olhando o monitor no ângulo exacto de 126º 2’ do lado esquerdo, pois trata-se de uma anamorfose e, depois de beber um garrafão de bagaço, tomar uma lamela inteira de Xanax e ‘snifar’ uma lata de diluente aquoso durante uma hora. Garanto-vos que a face de Cristo lá está. Eu morra já aqui ceguinho.
terça-feira, 16 de setembro de 2008
ARAMCHECK
Foi um escritor de ficção científica que percebeu o alcance desta organização secreta, cujo objectivo último é derrubar o regime. A primeira menção ao seu nome surgiu num passeio junto á casa onde nasceu e cresceu o actual presidente, onde alguém o inscreveu no cimento ainda fresco. É o apelido de uma família vizinha: SILVA. Era uma dona de casa e militante clandestina do Partido Comunista, durante os tempos em que foi ilegal. A sua filha mais nova cresceu até à idade adulta apesar de sofrer de leucemia com fases longas de remissão. A filha, dotada intelectualmente, percebeu que o presidente era tão só um infiltrado comunista, que apoiado pela SILVA e através de assassinatos políticos múltiplos, logrou atingir o poder. Não é irrelevante o papel que uma inteligência extraterrestre contactando um amigo do escritor, um produtor musical, através de sonhos, teve na resistência ao regime, instigando e guiando-lhe os passos. As mensagens eram-lhe transmitidas ao subconsciente através de um satélite artificial a que chamava jocosamente ‘Rádio Albemute Livre’. Este é o nome astronómico de uma estrela da constelação de Cisne. As mensagens surgiram através da rádio, enquanto dormia, num anúncio postal a uma marca de sapatos, na jovem estafeta da farmácia que lhe trazia os medicamentos para a dor de dentes ou nas palavras de uma filha de uma estrela de rock que conhecia, A jovem Alanis. Indistinguível da pura paranóia, e mesmo a sua mulher duvidava da veracidade da inteligência extraterrestre, foram estas desconcertadas instruções que lhe permitiram auxiliar no diagnóstico de um problema congénito grave de seu filho e ainda ‘adivinhar’ um poema antes de ser dito pela rapariga com leucemia. A entidade extraterrestre através de visões inspiradoras dos cristãos gnósticos já tinha manipulado o rumo da república romana, no ano 70 da era cristã. E de novo, a civilização do Ocidente, o prolongamento natural de Roma, se achava sob mais uma ameaça totalitária. O nome da entidade extraterrestre, que se manifestou então na voz da sibila romana, defendendo a república era agora VALIS, um anagrama de SILVA. Tal reverso entre antagónicos foi revelador, mas a SILVA, através de uma organização juvenil fiel ao regime, anularam o lúcido e alienado produtor. Morta ou dispersa a família, o escritor e o produtor musical acabaram num campo de concentração. Não obstante, mor da fulcral revelação em obra póstuma do escritor – Rádio Albemute Livre, de toda a trama e entretanto alçado a estatuto de profeta pela juventude, subsiste agora – sob a forma de quasi-religião clandestina um largo movimento de pendor órfico e maniqueísta, que não sabemos se é consequente e de que lado estará ao certo. Um manifesto deste movimento pode ser encontrado aqui.