segunda-feira, 30 de março de 2009

O CULTO DO CHÁ




(Dedicado ao Vareta Funda, prezado amigo, no seu aniversário)

‘No Dai Nipon, o consumo do chá é feito com desvelo e reverência. É com graciosa devoção que o japonês serve o chá aos mais prezados convidados. É com grande precisão ritualista que o chá é preparado na presença do convidado e nos gestos simples repousa, com circunstância o mais essencial da alma japonesa. Do gokku, o chá-verde pulverizado prepara-se, com elaborada cerimónia, uma acre beberragem, que traduz uma íntima homenagem do anfitrião, por aquele que acolhe em sua casa. São as mais tenras e jovens folhas da Camelia sinensis, as primeiras que abrolham em bucólicos pomares de pessegueiros floridos, que servem para a cerimónia do chá. É frequentemente a esposa que obsequia o visitante com o chá. A precisão do gesto, que envolve todo o corpo e olhar, traduz assim mesmo, este obséquio. Aos olhos do europeu, tal cerimónia evoca um acto religioso, mas não se trata exactamente de culto, como numa religião. A cândida rudeza da Natureza é evocada pela presença das flores na jarra, no propositadamente imperfeito copo de barro ou no bule de ferro com alguma ferrugem aflorando já. Uma vez, uma senhora japonesa recebeu em sua casa um distinto cavalheiro aposto ainda de velhas insígnias familiares samurais, dizia-se e, decidiu seu marido obsequiar o ilustre convidado com a cerimónia do chá. Acontecia no entanto, que devido a um consumo excessivo de ameixas salgadas amasake e miso, a senhora se via a braços com violentos ataques de fermentações intestinais. Assim, durante a cerimónia do chá, enquanto manipulava os instrumentos de bambu, viu-se na circunstância de se aliviar, o que aconteceu estrondosamente e acompanhado de muitos e repenicados molhos. A senhora enrubesceu e o convidado, lívido de espanto e tolhido por tão inconveniente alívio, não teve outro remédio senão praticar o hara kiri mesmo ali, sem mais delongas. O sangue jorrou em borbotões para cima da desonrada senhora e dos seus utensílios. A vergonha abateu-se sobre aquela casa e esmaeceram no seu quintal os amorosos pessegueiros. O marido, no silêncio de seu quarto, logrou também retalhar voluntariamente as vísceras, pelo que a mulher mandou queimar a casa com os criados lá dentro; salgar os campos, desenterrar os antepassados e espalhar as ossadas ao deus-dará. Daí em diante, a mulher prostituiu-se nos arrabaldes mais viciosos de Tóquio para consumar um auto-infligido castigo pior que a morte: com bêbedos, leprosos, condutores de riquexó e plastificadores de cartões. Desgrenhada e piolhosa, percorreu ensandecida e por sobre o lamacento esgoto, as ruas dos arrabaldes, fumando ópio e dando a este e aquele todos os orifícios naturais para que deles se servissem a seu bel-prazer como vazadoiro de veneais exúndias e, em geral, de todas imundícias que expeliam dos corpos doentes. A desvalida já nem retinha as fedentes massas excrementícias nas suas próprias entranhas, pois lassos e esgarçados achavam-se-lhe os orifícios. Comida pelas pulgas, um dia, arrastou-se para um canto cheio de lixo e surgiu-lhe um monge. Era o monge Vare Tah Fun Dah, renomado e sapiente ancião, que no segundo em que a fitou ficou seguro de salvar a sua alma sofredora. ‘Retira o grosso talo de gengibre que tens na boca do corpo, mulher e levanta-te, pois a tua honra te devolverei se me retribuíres um favor’- disse. ‘Mas, homem-santo, se retirar o talo de gengibre, esguichará no beco podre gordura, pois estou com o período…’ ‘Mas, tu não estás na menopausa – ò velha encanecida e desgrenhada?’ ‘Não, monge, eu tenho vinte e dois anos!’ Nisto o monge logrou apanhá-la por trás e zurziu-a com toda a força contra uma parede até ela esguichar pelas orelhas e nisto – vzzzzzzzzzzzzzt – ela atingiu o satori, ou Natureza de Buda. E o monge foi-se embora para nunca mais voltar. Viu a mulher que, afinal, era ilusória a sua desonra e plantou mesmo ali um pessegueiro’.

33 comentários:

Efe disse...

Quase chorei...

sandro disse...

Desculpa. Da próxima a ver se não me esqueço do lubrificante.

sandro disse...

Sou um bruto! Ena.

fininho disse...

Bah! já li isto no "Os teus passos eu já conheço... Queres fugir comigo?"

... só muda o nome do monge.

Efe disse...

Va-se lá foder, sandro, tá bem? Acha que a gente quer saber se usa dessas coisas quando copula com o fininhO? ACha?! Porco nojento! Olhe, fuja com ele!

Assento da Sanita disse...

ah pois. Essa pérola da blogosfera. Peço muita desculpa.

Assento da Sanita disse...

Mortifico-me.E até se me arrebenta a bolha...

fininho disse...

desculpa o caralho! baixa é a calcinha que é para o sandrokan te copiar a bilha.

sandro disse...

Fooooge,...comigo fininho, fooooge,...comigo fininho, foooge,...comigo fininho, JÁ!

UHF-em-mos!

AntónioManuelRiberirem-mos!

Assento da Sanita disse...

O Sandro? Pffff... Aquilo é uma imitação de picha, um plágio de sarda.

fininho disse...

(Este nome, Sandrokan... fico sempre na dúvida se estou a plagiar alguém!)

Assento da Sanita disse...

Sandro, ah ah ah ah!...

sandro disse...

Não foi isso que a tua mãe me disse, pá.

fininho disse...

sandro, vai fugindo que eu já lá vou ter contigo...

Assento da Sanita disse...

Pronto. Lá vem a simplicidade de espírito, a minha mãe e o caralho...
Apre. Tenho uma sensação de deja vu. Isso disse o Raskolnikov á senhoria no vão da escada, no Crime e Castigo, na página 914. Arranja outra que seja mesmo da tua cabeça, pá! Falta de chá, foda-se.

sandro disse...

...se tu fosses girasol...eu seria....beija-flor....


...nesta cama sem lençól....faríamos....o nosso amooor.....


...foge,...comigo fininho, foge....

sandro disse...

Tem piada. Ia jurar que tinha lido isso na edição de ontem do Record, num artigo de opinião mesmo ao lado deuma foto do Lucílio Batista, aquele amigo do peito do Maronês....

fininho disse...

pois... essa merda das mães e das mulheres têm direitos de propriedade intelectual. Pertencem ao maronês.

Assento da Sanita disse...

Veio-me agora mesmo uma súbita inspiração e inventei da minha própria cabeça este texto original e também muito giro. Ora leiam:

Passei a infância e a adolescência a ouvir que se alguma vez me oferecessem drogas para nunca aceitar.
Anos e anos passaram e nunca ninguém o fez.
Cheguei até a ficar desiludida; tantos anos a conviver com gente mafiosa e nada.
Esperava realmente que mas oferecessem, confesso, mas nunca ninguém se chegou à frente...até hoje.

Não sei se mande para a D. Quixote se para o Jornal de Letras. Hesito como se hesitasse entre o cu do Sandro e o anús do Sandro.

sandro disse...

Lindo texto. A referência a "...desiludida..." é demonstrativo do porquê de lá na escola teres a alcunha de "Georgina, a porca".

Assento da Sanita disse...

Depois de pensar muito nisto, o que eu vos digo é que uma dica para o nosso governo: que tal, em vez de dar computadores, decidissem dar, sei lá... educação?

Que vos parece? Hã? Não acham que tenho razão? Acham que a Ana Zanatti ia achar este tópico de discussão interessante, vindo como vem de um cérebro impoluto da nova geração?

sandro disse...

Eu acho que a Ana Zanatti, a Lara Li e a Dina, são umas queridas.

Assento da Sanita disse...

Gozas com o meu texto mas sabes que eu não me importo nada que levem os meus textos e os partilhem com o mundo; mandem mails, riam, saltem, atirem-nos ao ar ou falem mal deles. A verdade é que fico até toda contente quando encontro algo que escrevi por blogs que gosto, agora não se esqueçam, pá :o cu do Sandro já parece um Rajá!

Efe disse...

fininhO:

Não, não te amo.

Efe disse...

adas:

AHAHAHAHAHAH!!

Bock disse...

Que pérolas, oh porcos.

Lindo.

É triste comó caralho dizer isto, mas, foda-se, estou orgulhoso de vos conhecer.


A ti também Pelágio, perdão, Sandro.

Bock disse...

a estánua teve a indelicadeza de não deicxcar respirar a prósta do AdaS.
Atendendo à razão, e vinda de quem vem (uma moça espigada e trigueira), eu cá desculpo-a sem mais.

Mas a verdade é que há uma prósta nova lá em cima, pazinhos.

... e a Inês, engole, ou não?

Efe disse...

É uma delicada "in", portanto.

Assento da Sanita disse...

E este, em escrita automática, que tirei mesmo agora das minhas sinapses? Arre, como é que eu me lembro destas cenas tão loucas?

Xá tipo bil, torradas, gosma, música transsexual, passing, passing e vou pá cu du Sandrô! Ó menina; falta a placa esquelética! ...Alguém podia ir lá acima...a Monção...chamar os amputados...MÉÉÉ! MÉÉÉ!...e dpx a gaja fica com a fruta fora da gruta e toda em cima da mesa...A Ana? Acho k tá lá dentro, com falta de sangue porque tem uma hemorragia das grandes este mês...Querem música? YA BOA MALHA! VAI LEVAR NA TUNA! ...eu queria umas informaçoes sobre o esquentamento..olhe lá, o quarto duplo é p qtas pessoas? DUAS?...ABR-A-MÁLAAAA!MR HARRIS; LIP MY STOCKINGS!!!...É...a minha rata gosta de se sentar ali, a fazer de banana e a olhar p Damaia...ABRE AI A JANEIRA! AQUELE SR MANDOU UM SCUPO!...Poe-te nas EXCENTRICAS, suaP#"$! ... "golfinhos??tou parva!!são bacalhaus!!!"

Bock disse...

ahahahaha

Dum Dum disse...

Ah, ah, ah!
Foda-se!
Este texto do Adas sobre golfinhos em Monção a tomar chá com amputados da Damaia tá demais!

Assento da Sanita disse...

original, não é? Sou mesmo maluco, pá...

ostia disse...

por un momento até pensei que te habias vuelto loco de verdad!

solo até a linhia 18 o por ahi fora, onde diz: "violentos ataques de fermentações intestinais"

menos mal que estas bien Adas,
que susto!